Luciana Paula Benício Arcasa; Felipe Carlos Dias Arcasb; Laís Regiane da Silva Concilioc; Marina Amarald
DOI: 10.1590/0100-3984.2024.0089
e20240089
Publicado em: 25 de Julho de 2025
INTRODUÇÃO
As disfunções temporomandibulares (DTMs) abrangem dois grandes grupos de condições: articulares e musculares. A amplitude da abertura da boca é um dos parâmetros utilizados para avaliação de adequada função e constituinte diagnóstico indicativo de DTM(1). A limitação da abertura da boca pode estar associada, nas DTMs articulares, ao deslocamento de disco sem redução, e nas DTMs musculares, decorrente de dor ou medo da dor.
A ressonância magnética (RM) é o principal exame complementar para a avaliação dos desarranjos articulares, sendo o exame de imagem padrão ouro para a avaliação das DTMs. A dinâmica articular deve ser avaliada em diferentes amplitudes de abertura da boca(2,3). No entanto, a manutenção da boca devidamente aberta pode ser um desafio durante o exame, e o inadequado manejo do paciente pode dificultar o diagnóstico.
ESTADO DA TÉCNICA
Nas DTMs articulares, os desarranjos internos da articulação temporomandibular (ATM) são classificados, segundo o Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders (DC/TMD), em deslocamento de disco com redução (DDcR), DDcR com travamento intermitente, deslocamento de disco sem redução (DDsR), DDsR com limitação de abertura de boca (DDsRcL) e DDsR sem limitação de abertura de boca(4). O DDcR é o mais comum dos desarranjos de disco da ATM, no entanto, DDsRcL tem sido associado a danos maiores e irreversíveis na ATM.
O DDsRcL pode desencadear dor e processo degenerativo na ATM. Processos degenerativos foram 60% mais frequentes em pacientes jovens com DDsRcL, comparados a pacientes sem limitação de abertura de boca(5). Em crianças, o aumento da chance de processos degenerativos é ainda mais crítico, portanto, diagnóstico e tratamento precoces são imperativos(6).
Dos pacientes que procuram tratamento, cerca de 65% apresentam ambas as condições (articulares e musculares), 5% apenas articulares, 13% musculares, e o restante, outras condições(7). A RM é a primeira opção dos exames por imagem para avaliação das ATMs e deve ser realizada, segundo o DC/TMD, para confirmação de diagnósticos clínicos. Tecidos articulares moles e duros, bem como a dinâmica do movimento articular, podem ser avaliados com a realização do exame em diferentes ponderações (T1, densidade de prótons, T2 com supressão de gordura), com a boca fechada, semiaberta e aberta(8). No entanto, em diversas situações como nas mialgias, dor ou medo da dor, frequentemente o paciente não abre corretamente a boca, comprometendo o diagnóstico preciso.
Atualmente, o exame é realizado com dispositivos de tamanhos pré-estabelecidos ou seringas descartáveis para manter a boca do paciente aberta durante o exame. No entanto, além de serem desconfortáveis, a falta de padronização pode comprometer a qualidade dos resultados, impossibilitar sua reprodutibilidade, que é de grande valor para os acompanhamentos, e gerar incertezas quanto à abertura máxima da boca durante o procedimento.
Dispositivo proposto
A Figura 1 ilustra o dispositivo proposto, constituído de um corpo (a) com um parafuso de aperto (b) que se move por uma canaleta (c) para ser regulado na abertura da boca selecionada pelo profissional, orientado por uma régua milimetrada lateral (d) e um apoio para abertura mandibular inserido entre os dentes (e). Este conjunto pode ser utilizado como um paquímetro deslizante para medir a abertura bucal pela régua lateral, e tais características proporcionam um aparelho de simples utilização sem a necessidade de treinamento específico. A Figura 2 representa um protótipo do dispositivo, impresso em resina tridimensional, para avaliação inicial. A Figura 3 mostra a forma de emprego do dispositivo proposto, para registro das medidas de abertura bucal e para exame de RM.
Received in
February 28 2025.
Accepted em
April 28 2025.
Publish in
July 25 2025.