Rachel Zeitoune1; Ana Célia Baptista Koifman2; Marina Shu Fong1; Roberto Mogami1
Sr. Editor,
Paciente do sexo masculino, 49 anos, queixou-se de dispneia durante prática regular de natação. Foram realizadas: radiografia do tórax, que demonstrou elevação da hemicúpula diafragmática direita; prova de função respiratória, que revelou distúrbio restritivo leve; e ultrassonografia (US) do diafragma, que mostrou redução importante da mobilidade do diafragma direito, sem configurar paralisia.
A US do diafragma tem sido utilizada, sobretudo, em pacientes em terapia intensiva para predição de sucesso no desmame ventilatório(1), ajustes nos parâmetros da ventilação mecânica, investigação de fraqueza/paralisia diafragmática no pós-operatório(2) e de atrofia diafragmática após ventilação mecânica prolongada(3). No presente relato, a espessura do diafragma foi avaliada pelo modo-B e a mobilidade pelo modo-M, por dois médicos radiologistas, consensualmente.
No modo-B, as hemicúpulas diafragmáticas foram acessadas por via intercostal, com transdutor linear multifrequencial de 7–18 MHz, posicionado no plano longitudinal na linha axilar anterior, entre o 7º–8º ou 8º–9º espaços intercostais, estando o paciente em decúbito dorsal(4). O local da aferição foi a zona de aposição do diafragma com a caixa torácica(5). O diafragma normal é visualizado entre duas linhas ecogênicas: a pleura parietal e a membrana peritoneal(1). Foram realizadas três medidas da espessura muscular, durante manobras de inspiração e expiração máximas, calculando-se a média simples para cada manobra. Durante a inspiração há contração e encurtamento das fibras do diafragma normal, com aumento do volume do ventre muscular e consequente espessura. Calculou-se a fração de espessamento diafragmático (FED) (espessura inspiração – espessura expiração / espessura expiração × 100)%, que quantifica o grau de espessamento muscular desde a capacidade residual funcional até a capacidade pulmonar total, utilizando-se a média das medidas(5).
No modo-M, a hemicúpula direita foi acessada por via subcostal anterior, no plano oblíquo, entre as linhas hemiclavicular e axilar anterior, e a hemicúpula esquerda por via intercostal, na linha axilar média, ambas com transdutor convexo de 2–5 MHz, estando o paciente em decúbito dorsal(4). Foram adquiridas curvas de cinética do diafragma durante três manobras respiratórias: respiração silenciosa, respiração profunda e manobra de fungada (sniff test)(2). Para cada manobra, foram obtidas três ondas e respectivas amplitudes, calculando-se a média simples destas aferições.
As medidas de espessura na inspiração e expiração máximas foram, respectivamente, 0,29 cm e 0,22 cm para a hemicúpula direita, e 0,35 cm e 0,20 cm para a hemicúpula esquerda. A FED foi 31% à direita e 73% à esquerda. As medidas da mobilidade na hemicúpula direita foram 0,57 cm, 2,24 cm e 1,24 cm, respectivamente, nas manobras de respiração basal, inspiração profunda e sniff test, e na hemicúpula esquerda foram 4,53 cm e 3,44 cm, respectivamente, na respiração basal e no sniff test (Figura 1). Houve prejuízo na aferição da mobilidade esquerda na inspiração profunda, provavelmente pelo tamanho reduzido da janela esplênica.