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            Carlos Henrique M. Máximo
                        
                        
                        
                    
As coleções líquidas pancreáticas    representam um grupo de lesões relacionadas a várias causas, significados    e tratamento. Quando associadas a pancreatite representam de forma dinâmica    a gravidade e o espectro evolutivo da doença. Este artigo visa sumarizar    as diferentes coleções pancreáticas, bem como as formas    de drenagem percutânea.     
   Fleimão: Representa áreas    de infiltração peripancreática, de limites imprecisos e    atenuação mista (sólida e líquida). Apresenta prognóstico    incerto, já que pode evoluir para a cura ou progredir formando pseudocisto    e abscesso pancreático, requerendo intervenção.     
   Pseudocisto: Pode ser definido como    uma coleção contendo secreções pancreáticas    e produtos inflamatórios, secundária a ruptura do ducto pancreático.    Este pode ser maduro, quando redondo, com margens claramente definidas e paredes    espessas, normalmente presente quatro a seis semanas após a pancreatite,    ou imaturo, quando apresenta configuração amorfa, contornos mal    definidos, freqüentemente observado precocemente no curso da doença    pancreática.     
   Abscesso: Representa pseudocisto    infectado que pode estar presente precocemente, contudo é normalmente    observado como complicação tardia. Na tomografia computadorizada    a presença de gás no interior da coleção é    altamente sugestiva de abscesso.     
   Necrose: Ocorre em cerca de 20%    dos pacientes hospitalizados por pancreatite aguda e é definida pela    perda do realce pancreático após administração do    meio de contraste.     
   Drenagem percutânea: Significativas    coleções líquidas pancreáticas ou peripancreáticas    estão presentes em 40% dos pacientes hospitalizados por pancreatite aguda    (Balthazar D ou E). Em 50% destes a resolução se faz espontaneamente,    porém nos outros 50% a intervenção é necessária.        
   As opções terapêuticas    incluem a drenagem endoscópica percutânea e a cirurgia aberta.    Aqui será abordada apenas a drenagem percutânea guiada por tomografia    computadorizada, que é considerada um método eficaz na abordagem    do pseudocisto e abscesso pancreático. O tamanho, a localização,    a extensão e a anatomia em torno da víscera irão ditar    a via de drenagem.     
   A drenagem direta sem atravessar nenhum    outro órgão, tanto por via retroperitoneal como transperitoneal,    tem sido advogada como método ouro. A drenagem transgástrica (isto    é, cistogastrostomia) também tem sido utilizada em séries    menores com bons resultados. Contudo, pode levar a superinfecção    em coleções não infectadas, sendo assim reservada para    coleções não acessadas por outras vias. Séries reportam    sucesso na drenagem percutânea do pseudocisto variando entre 70% e 100%.        
   A drenagem percutânea de coleções    pancreáticas infectadas é tecnicamente similar à dos pseudocistos    não infectados, com a opção da drenagem transgástrica    adicional. Séries reportam que as taxas de procedimentos realizadas com    sucesso variam de 32% a 65%.     
   As complicações relacionadas    aos procedimentos percutâneos são: sangramento em 1% a 2% dos casos,    superinfecção em 9%, perfuração do espaço    pleural ou outras vísceras em 1% a 2% e fístula pancreática    crônica em 5%. Daí conclui-se que a drenagem percutânea é    uma importante alternativa terapêutica nas complicações    associadas às pancreatites.
Tumor neuroendócrino do pâncreas na doença de von Hippel-Lindau: espectro dos aspectos na imagem tomográfica e na ressonância magnética com comparação histopatológica
Thiago Moura Silva
Médico Pós-graduando do Departamento de Radiologia da UFF
Marcos HB, Libutti SK, Alexander HR, et al. Neuroendocrine tumors of the pancreas in von Hippel-Lindau disease: spectrum of appearances at CT and MR imaging with histopathologic comparison. Radiology 2002;225:7518.
OBJETIVO: Demonstrar as características    na imagem dos tumores neuroendócrinos (TNE) do pâncreas em pacientes    com doença de von Hippel-Lindau (VHL), para estabelecer critérios    diagnósticos.     
   MATERAIS E MÉTODOS: De agosto de 1990 a janeiro de 2001, os autores    obtiveram dados clínicos e de imagem de 450 pacientes com a doença    de VHL. Destes, foram selecionados os pacientes que tiveram TNE do pâncreas    confirmados histopatologicamente. Isto revelou 25 pacientes, com 29 lesões    (15 mulheres e 10 homens, com idade variando de 16 a 42 anos e média    de idade de 31,7 anos). Os achados de imagem na tomografia computadorizada (TC)    e/ou ressonância magnética (RM) nestes 25 pacientes foram revisados,    e o número de tumores, diâmetro, velocidade de crescimento (tempo    em que o tumor leva para duplicar de volume), localização, presença    da doença metastática e as propriedades de atenuação    ou impregnação foram determinados.     
   RESULTADOS: Dos 25 pacientes com TNE pancreáticos confirmados    cirurgicamente, quatro apresentaram duas lesões pancreáticas sólidas,    perfazendo um total de 29 lesões. Dezoito (62%) dos 29 tumores eram menores    que 3 cm de diâmetro (variando de 0,5 a 2,9 cm), enquanto as outras 11    lesões tinham diâmetro maior ou igual a 3 cm (variando de 3 a 7    cm). Os tumores menores que 3 cm mostraram média de crescimento menor,    quando comparados com os tumores maiores ou iguais a 3 cm de diâmetro.    Quinze (52%) dos 29 tumores localizaram-se na cabeça, oito (28%) na cauda    e seis (21%) no corpo do pâncreas. Os TNE pancreáticos foram freqüentemente    ovais ou redondos. Os tumores menores que 3 cm de diâmetro tinham as margens    bem definidas, e os maiores ou iguais a 3 cm de diâmetro tinham as margens    mal definidas. Os 18 tumores menores que 3 cm se impregnaram homogeneamente,    enquanto os 11 tumores maiores que 3 cm se impregnaram heterogeneamente após    a administração do meio de contraste, durante a fase arterial    e venosa portal na TC e na RM. Nenhum tumor menor que 3 cm de diâmetro    produziu metástase. Dois dos 11 tumores maiores ou iguais a 3 cm de diâmetro    deram metástases para o fígado. Existiu associação    entre TNE pancreáticos e feocromocitomas. Dez (40%) dos 25 pacientes    também tinham feocromocitomas de adrenais confirmados cirurgicamente.    Ao contrário de outros estudos, em que a prevalência de doença    cística pancreática moderada a extensa é de aproximadamente    60% nos pacientes com doença de VHL, neste estudo somente três    (12%) dos 25 pacientes com TNE pancreáticos mostraram doença cística    pancreática extensa acompanhando as lesões sólidas. Onze    pacientes não tinham doença cística pancreática    e em outros 11 pacientes a doença cística pancreática era    leve.     
   CONCLUSÃO: TNE pancreáticos na doença de VHL têm    aspectos característicos nas imagens de TC e RM. Na maioria dos casos    são pequenos, localizados na cabeça pancreática e se impregnam    homogeneamente pelo meio de contraste. Tumores maiores que 3 cm são propensos    a dar metástases e se impregnar heterogeneamente pelo meio de contraste.    
