Radiologia Brasileira - Publicação Científica Oficial do Colégio Brasileiro de Radiologia

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Idioma/Language: Português Inglês

Vol. 49 nº 1 - Jan. / Fev.  of 2016

CARTA AO EDITOR
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Page(s) 56 to 57



Traqueobroncopatia osteocondroplástica: achados tomográficos, broncoscópicos e histopatológicos

Autho(rs): Gabriela Maria Ribeiro e Ribeiro; Marcelo Ricardo Canuto Natal; Eduardo Felipe Silva; Sabrina Cardoso Freitas; Waldete Cabral Moraes; Fernanda Cunha Maciel

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Sr. Editor,

Homem, 41 anos, com história de infecções de vias aéreas de repetição desde a infância e tosse crônica com alteração da voz há sete anos. Foi realizada laringotraqueobroncoscopia, que revelou lesões nodulares esbranquiçadas nas paredes anterolaterais da traqueia e na porção mais proximal dos brônquios principais, cujo material foi enviado para estudo histopatológico (Figuras 1A e 1B). A tomografia computadorizada (TC) mostrou diminutos nódulos submucosos, sésseis, subcentimétricos, alguns calcificados, nos diferentes níveis da traqueia, predominando nos dois terços inferiores, e também no brônquio principal direito. Não havia estreitamento luminal significativo e, tipicamente, poupava a parede membranosa posterior da traqueia (Figuras 1C e 1D).


Figura 1. A: Laringotraqueobroncoscopia: nódulos esbranquiçados nas paredes anterolaterais da traqueia (setas). B: Histopatologia. HE, 20×. Focos de metaplasia escamosa na traqueia (seta). C,D: TC do tórax com contraste no plano axial (C) e após reformatação coronal (D) mostrando micronódulos, alguns calcificados, nas paredes anterolaterais da traqueia (setas).



O paciente permanece em acompanhamento ambulatorial com controle sintomático das queixas.

Traqueobroncopatia osteocondroplástica é uma doença benigna, crônica, rara, que acomete preferencialmente o sexo masculino (M:F = 3:1), com as manifestações predominando entre a quinta e a sétima décadas de vida(1,2). Diversos fatores têm sido associados, como infecções crônicas, agentes químicos ou medicamentosos, alterações degenerativas teciduais, desordens do metabolismo do cálcio e fósforo e amiloidose(3,4).

A doença é geralmente assintomática(1,2,5,6) e o seu diagnóstico, na maioria das vezes, é achado incidental em broncoscopias para investigação de outras afecções ou com propósito terapêutico ou ainda em séries de necropsia(1). Quando sintomática, a tosse é o principal achado, presente em cerca de 66% dos casos.

A laringotraqueobroncoscopia é o exame que, em geral, levanta a suspeita diagnóstica e o achado clássico é a presença de nódulos esbranquiçados, de contornos lisos, consistência endurecida, tipicamente nas paredes cartilaginosas dos anéis traqueais e das porções proximais dos brônquios principais(7,8).

A TC é um exame que contribui para a confirmação do diagnóstico(1), pelos seus achados, que compreendem espessamento da superfície interna da cartilagem traqueal com lesões nodulares irregulares, sésseis, calcificadas ou não, focal ou difusa, poupando a parede posterior (membranosa) da traqueia e levando a estreitamento do lúmen nas áreas acometidas(1,5,6,8,9). A TC é muito sensível na detecção da calcificação característica dos nódulos, na definição da extensão e distribuição das estenoses traqueobrônquicas, assim como na caracterização das complicações - atelectasias, bronquiectasias, pneumonias pós-obstrutivas(5,10).

O estudo histopatológico mostra que os nódulos são crescimentos osteocartilaginosos submucosos. Surgem combinações variáveis de tecido fibroso, cartilaginoso, ósseo, hematopoiético e matriz proteica acelular mineralizada. O epitélio que reveste esses nódulos pode ser normal, de aspecto inflamatório ou metaplásico(5,8).

Alguns autores consideram que os achados broncoscópicos e radiológicos são suficientes para firmar o diagnóstico, principalmente nos casos em que é difícil a realização da biópsia(1,5,8).

O prognóstico é bom, na maioria dos casos, e o tratamento só será requisitado quando houver complicações, principalmente estenose traqueal e/ou brônquica(11).



REFERÊNCIAS

1. Bioque JC, Feu N, Rubio JM, et al. Tracheobronchopathia osteochondroplastica - clinical study and follow-up in nine cases. Journal of Bronchology. 2001;8:78-83.

2. Pinto JA, Silva LC, Perfeito DJP, et al. Osteochondroplastic tracheobronchopathy: report on 02 cases and bibliographic review. Braz J Otorhinolaryngol. 2010;76:789-93.

3. Williams SM, Jones ET. General case of the day. Tracheobronchopathia osteochondroplastica. Radiographics. 1997;17:797-9.

4. Faig-Leite FS, Defaveri J. Traqueobroncopatia osteocondroplástica em portador de tumor de Klatskin: relato de caso e revisão da literatura. J Bras Patol Med Lab. 2008;44:459-62.

5. Sá JM, Almeida J, Amado J, et al. Traqueobroncopatia osteocondroplástica - experiência de uma unidade de broncologia. Rev Port Pneumol. 2002;VIII:329-39.

6. Webb EM, Elicker BM, Webb WR. Using CT to diagnose nonneoplastic tracheal abnormalities: appearance of the tracheal wall. AJR Am J Roentgenol. 2000;174:1315-21.

7. Prince JS, Duhamel DR, Levin DL, et al. Nonneoplastic lesions of the tracheobronchial wall: radiologic findings with bronchoscopic correlation. Radiographics. 2002;22 Spec No:S215-30.

8. Khan AM, Klapper P, Jain VR, et al. Tracheobronchopathia osteochondroplastica: an entity diagnosed on bronchoscopy. Journal of Bronchology. 2006;13:99-101.

9. Kwong JS, Müller NL, Miller RR. Diseases of the trachea and mainstem bronchi: correlation of CT with pathological findings. Radiographics. 1992;12:645-57.

10. Marchiori E, Pozes AS, Souza Junior AS, et al. Alterações difusas da traquéia: aspectos na tomografia computadorizada. J Bras Pneumol. 2008;34:47-54.

11. Grenier PA, Beigelman-Aubry C, Brillet PY. Nonneoplastic tracheal and bronchial stenoses. Radiol Clin North Am. 2009;47:243-60.










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Endereço para correspondência:
Dra. Gabriela Maria Ribeiro e Ribeiro
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E-mail: gabiribeiroeribeiro@yahoo.com.br
 
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