RELATO DE CASO
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Autho(rs): Bruna de Oliveira Melim Aburjeli1; Ana Flávia Assis de Ávila1; Renata Lopes Furletti Caldeira Diniz2; Emília Guerra Pinto Coelho Motta2; Marcelo Almeida Ribeiro2; Wanderval Moreira3 |
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Descritores: Concha nasal secundária; Concha nasal média. |
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Resumo: INTRODUÇÃO
À parede lateral da cavidade nasal fixam-se as três conchas nasais, definindo os meatos superior, médio e inferior(1). A unidade ostiomeatal que drena os seios paranasais frontais, maxilares, etmoidais anteriores e médios está localizada no meato médio, representando um sítio complexo, no qual variantes anatômicas podem causar obstruções sinusais. A aeração da concha nasal média é a variação mais frequente nesse sítio(2), entretanto, em razão da complexidade na formação das estruturas da cavidade nasal, existem várias outras variantes, sendo algumas raras, como a concha nasal média secundária. Esta consiste de uma estrutura semelhante a uma concha nasal, que também surge a partir da parede nasal lateral, no meato médio. Neste artigo descrevemos o caso de uma paciente diagnosticada, por tomografia computadorizada dos seios da face, com essa rara variante anatômica. RELATO DO CASO Paciente do sexo feminino, 52 anos de idade, com quadro de cefaleia frontoetmoidal de evolução há cinco dias, associada a obstrução nasal, rinorreia purulenta e tosse. Ao exame físico otorrinolaringológico foram constatados desvio do septo nasal e pólipo nasal à esquerda. Exame de tomografia computadorizada dos seios paranasais (Figuras 1, 2 e 3) demonstrou aspecto de pansinusopatia. Além disso, foram evidenciados hipoplasia dos seios frontais e esfenoidal, desvio do septo nasal para a esquerda, bulla etmoidal também à esquerda e estrutura óssea bilateralmente, inserida na parede lateral do meato médio e revestida por tecido com densidade de partes moles, compatível com concha nasal média secundária, assemelhando-se a pólipo à esquerda. Figura 1. Tomografia computadorizada em coronal mostra concha nasal média (a), concha nasal média secundária (b) e concha nasal inferior (c). Figura 2. Tomografia computadorizada em sagital identifica concha nasal média direita (a), concha nasal média secundária direita (b) e concha nasal inferior direita (c). Figura 3. Tomografia computadorizada em coronal evidencia concha nasal média (a), concha nasal média secundária (b) e concha nasal inferior (c). DISCUSSÃO As conchas nasais são embriologicamente formadas a partir de excrescências das paredes nasais laterais que, posteriormente, formam seis cristas, algumas das quais se fundem, dando origem, dentre outras estruturas, às conchas nasais média e superior. Em razão da complexidade em sua formação, inúmeras variações anatômicas podem ocorrer, com destaque em frequência para a pneumatização da concha nasal média. Entretanto, outras variantes raras também podem ser vistas, como é o caso da concha nasal média secundária, condição que foi relatada primeiramente por Khanobthamchai et al.(3), com uma frequência de 1,5%, e que em outros estudos, variou entre 0,8% e 14,3%. A concha nasal média secundária é uma estrutura óssea revestida por tecido com densidade de partes moles, que surge a partir da parede lateral do meato médio, logo abaixo da lamela basal(4). Inicialmente foi descrita como uma estrutura bilateral, mas alguns autores têm relatado casos de acometimento unilateral(5), sendo questionada a possibilidade de ser uma variante subdiagnosticada, podendo haver confusão com outras condições, como pólipos nasais. Em geral não está relacionada a obstruções ostiomeatais e, portanto, não é considerada, habitualmente, fator de predisposição a sinusite. Entretanto, de acordo com o trabalho de El-Shazly et al.(6), foi frequente a queixa de cefaleia frontal, associada a sensação de obstrução nasal, observada em 92,8% dos pacientes com essa variação. É comum ainda o achado de outras variantes anatômicas em conjunto com a concha nasal média secundária. Segundo estudo recente(6), coanomalias foram encontradas em 49,7 % da amostra de pacientes estudada, sendo que a bulla etmoidal foi um achado em 9% dos casos. Uma variação anatômica da qual a concha nasal média secundária deve ser diferenciada é a concha nasal acessória(6). Esta consiste de um prolongamento medial e anterior do processo uncinado. Para o diagnóstico diferencial é importante a observação, a partir de imagens tomográficas, ou até endoscópicas, do processo uncinado(5), como no caso descrito, em que, ainda que este estivesse deslocado medialmente, dificultando sua visualização, foi possível diferenciá-lo tomograficamente da concha acessória. REFERÊNCIAS 1. Souza RP, Brito Júnior JP, Tornin OS, et al. Complexo nasossinusal: anatomia radiológica. Radiol Bras. 2006;39:367-72. 2. Eweiss A, Khatwa MMA, Zeitoun H. Trifurcate middle turbinate; an unusual anatomical variation. Rhinology. 2008;46:246-8. 3. Khanobthamchai K, Shankar L, Hawke M, et al. The secondary middle turbinate. J Otolaryngol. 1991;20:412-3. 4. Aouad RK, Strong EB. Secondary middle turbinate. Otolaryngol Head Neck Surg. 2010;142:1401. 5. Nebil ARK, Aktas D, Yilmaz T, et al. Unilateral secondary middle turbinate with sinusitis. KBB-Forum. 2009;8:44-5. 6. El-Shazly AE, Poirrier AL, Cabay J, et al. Anatomical variations of the lateral nasal wall: the secondary and accessory middle turbinates. Clin Anat. 2012;25:340-6. 1. Médicos Especializandos em Radiologia e Diagnóstico por Imagem no Hospital Mater Dei, Belo Horizonte, MG, Brasil. 2. Médicos Radiologistas do Serviço de Radiologia do Hospital Mater Dei, Belo Horizonte, MG, Brasil. 3. Médico Radiologista, Chefe do Serviço de Radiologia do Hospital Mater Dei, Belo Horizonte, MG, Brasil. Endereço para correspondência: Dra. Bruna de Oliveira Melim Aburjeli Rua Aimorés, 2255/1102, Bairro Lourdes Belo Horizonte,MG, Brasil, 30140-072 E-mail: bruninha86@hotmail.com Recebido para publicação em 4/6/2012. Aceito, após revisão, em 25/7/2012. * Trabalho realizado no Hospital Mater Del, Belo Horizonte, MG, Brasil. |