RELATO DE CASO
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Autho(rs): Linei A.B.D. Urban, Enio Rogacheski, Jorge A. Ledesma, Maurício Zaparolli, Maria Cecília B. Duarte, Danielle G. Sakamoto |
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Descritores: Neoplasia de esôfago, Compressão medular, Carcinoma, Células escamosas, Mielografia |
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Resumo:
INTRODUÇÃO O carcinoma de esôfago é um tumor que comumente se apresenta com perda de peso de curta duração e disfagia progressiva(1). A maioria dos pacientes já tem avanço da doença além do esôfago no momento do diagnóstico, porém raramente com invasão do canal medular(2?7). Os autores relatam, neste trabalho, um caso de carcinoma de esôfago com invasão da coluna vertebral e canal medular, que se apresentou com clínica de síndrome de compressão medular.
RELATO DO CASO Paciente de 62 anos de idade, sexo masculino, com história de emagrecimento há quatro meses e diminuição da força muscular, associada a parestesias em membros inferiores, com nível sensitivo, de início súbito há dois dias. Foi submetido a mielotomografia, que demonstrou massa no mediastino posterior, com invasão e destruição de corpos vertebrais em coluna torácica e invasão do canal medular. Também se observaram dilatação da luz e espessamento irregular das paredes do esôfago (Figuras 1, 2 e 3).
No período da evolução foi submetido a estudo contrastado do esôfago, que demonstrou falha de enchimento irregular no terço médio do esôfago (Figura 4).
A avaliação diagnóstica foi complementada por estudo com endoscopia digestiva alta, que demonstrou esôfago alterado, com lesão tumoral vegetante, anelar, subestenosante e rígida, localizada no terço médio (Figura 5). A biópsia evidenciou carcinoma de células escamosas, pouco diferenciado, invasor.
DISCUSSÃO O carcinoma de esôfago, responsável por aproximadamente 6% dos casos de câncer do trato digestivo, é uma condição que tem alta taxa de mortalidade. Sua incidência é de 3,5/1.000.000 na população branca e de 13,5/100.000 na população negra, segundo dados da literatura norte-americana(1). O tipo histológico mais comum é o carcinoma escamocelular, que compreende 75% dos casos, seguido do adenocarcinoma. Outros tipos histológicos são raros. São tumores que mais comumente acometem o terço médio do esôfago (45%), seguido do terço distal (40%) e terço proximal (15%). Os principais fatores causais envolvidos na carcinogênese são o consumo excessivo de álcool e o tabagismo(1). Na apresentação clínica a maioria dos pacientes queixa-se de disfagia progressiva e perda de peso(1). Rouquidão e dor torácica são sintomas menos comuns. Não existe, na literatura, descrição de sintomas neurológicos como manifestação inicial da doença, uma vez que, freqüentemente, o tumor invade as estruturas do mediastino adjacente e não as estruturas ósseas da coluna vertebral. Nosso paciente não relatava queixa de disfagia no atendimento inicial, apenas os sintomas neurológicos agudos, sendo realizado o diagnóstico de tumor de esôfago por meio da visualização da lesão no estudo tomográfico. Dentre os métodos diagnósticos, o estudo contrastado do esôfago é um método efetivo para identificar lesões esofágicas, fornecendo informações importantes sobre a localização e extensão do tumor(1,7). A esofagoscopia deve ser realizada em todos os pacientes, pois, além de prover visualização direta do tumor, permite a realização de biópsia para confirmação histopatológica do diagnóstico. Mais recentemente, a ultra-sonografia transesofágica tem sido utilizada para avaliar o grau de invasão tumoral na parede do órgão(1). A tomografia computadorizada de tórax e abdome é utilizada para avaliar a extensão da disseminação tumoral para mediastino e linfonodos celíacos. Pelo fato de permanecerem assintomáticos por longos períodos durante seu desenvolvimento, os tumores do esôfago são freqüentemente diagnosticados tardiamente(1?6). Aproximadamente 18% dos pacientes já têm doença metastática no momento do diagnóstico(2). Os principais sítios de metástases são: linfonodos abdominais (45%), fígado (23?47%), pulmões (22?52%) e linfonodos cervicais e supraclaviculares (6?37%). Locais menos habituais incluem ossos (4?14%), adrenais (6?20%), peritônio (0?12%) e sistema nervoso central (1?5%)(2).
O tratamento muitas vezes consiste em alívio dos sintomas. O tratamento curativo é realizado através da esofagectomia, porém isto é factível em apenas 40% dos casos. O prognóstico é sombrio, com taxa de sobrevida em cinco anos de 5%(1).
REFERÊNCIAS 1.Blot WJ. Esophageal cancer trends and risk factors. Semin Oncol 1994;21:403. [ ] 2.Quint LE, Hepburn LM, Francis IR, Whyte RI, Orringer MB. Incidence and distribution of distant metastases from newly diagnosed esophageal carcinoma. Cancer 1995;76:1120?5. [ ] 3.Matsubara T, Ueda M, Kaisaki S, et al. Localization of initial lymph node metastasis from carcinoma of the thoracic esophagus. Cancer 2000;89:1869?73. [ ] 4.Chan KW, Chan EY, Chan CW. Carcinoma of the esophagus. An autopsy study of 231 cases. Pathology 1986;18:400?5. [ ] 5.Anderson LL, Lad TE. Autopsy findings in squamous-cell carcinoma of the esophagus. Cancer 1982;50:1587?90. [ ] 6.Mandard AM, Chasle J, Marnay J, et al. Autopsy findings in 111 cases of esophageal cancer. Cancer 1981;48:329?35. [ ] 7.Bosch A, Frias Z, Caldwell WL, Jaeschke WH. Autopsy findings in carcinoma of the esophagus. Acta Radiol Oncol Radiat Phys Biol 1979;18:103?12. [ ]
* Trabalho realizado no Serviço de Radiologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, PR. |