No diagnóstico por imagem, a ultrassonografia é o método de eleição, sempre que possível, para a avaliação em crianças. Das suas inúmeras vantagens, como a portabilidade, a ausência de utilização de radiação ionizante e a reprodutibilidade, destaca-se a possibilidade da realização do exame sem a necessidade de sedação. No segmento musculoesquelético a ultrassonografia tem, ainda, papel de destaque(7), desde as aplicações nas alterações do desenvolvimento intraútero até o envelhecimento humano.
No que diz respeito ao estudo morfométrico do tendão de Aquiles e sua possível relação com a hipercolesterolemia familiar, por conseguinte, com o maior risco de doença cardiovascular, o trabalho de Bezerra et al.(8), intitulado "Medidas do tendão do calcâneo no primeiro ano de vida" e publicado nesta edição, justifica sua pesquisa na ausência de curvas de normalidade por idade, peso, comprimento e gênero na infância, o que, por muitas vezes, dificulta o diagnóstico precoce de algumas doenças. Citam os autores: "Não foi encontrado nenhum estudo na literatura que tenha verificado a espessura e largura de tendões do calcâneo em crianças de até 12 meses de idade", e é fato, como de costume na comunidade acadêmica, dedica-se pouca pesquisa para a definição de padrões e variações da normalidade e investiga-se muito a doença, especialmente na nossa especialidade. Na literatura há descritores para os valores de normalidade para as medidas do tendão com grandes intervalos em relação à idade infantil(9,10) e adulta(10-12).
Outro ponto citado no texto, e bastante relevante, é a análise inter e intraobservador. Descrevem os autores que a realização dos exames foi por meio de um "mesmo médico radiologista com experiência em ultrassonografia musculoesquelética". Tal procedimento pode parecer questionável, a princípio, mas está em consenso com outros autores, inclusive quando comparado a exames de ressonância magnética(13,14).
Por fim, a aplicação da pesquisa. Por que analisar a espessura do tendão de Aquiles em crianças abaixo de um ano de idade? Referem os autores que a aferição das medidas de espessura e largura do tendão de Aquiles, utilizando a ultrassonografia em crianças eutróficas, pode apoiar a avaliação qualitativa do possível dano metabólico da hipercolesterolemia familiar. E pode. Estudo publicado, recentemente, por Tsouli et al.(15) atesta uma resposta direta na espessura do tendão de Aquiles, com redução, após o tratamento específico para a hipercolesterolemia familiar.
REFERÊNCIAS
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