EDITORIAL
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Autho(rs): Silvia Maria Sucena da Rocha |
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Nódulos de tireoide em crianças são sempre motivo de preocupação, pois, apesar de raros, o risco de malignidade é alto. O manejo dessas lesões é desafiador, uma vez que, se por um lado há que se preservar a criança de procedimentos invasivos desnecessários, tais como o estudo citológico por punção aspirativa com agulha fina e a tireoidectomia, por outro lado há o risco de ser negligenciado o pronto tratamento, permitindo a evolução de uma lesão maligna. Nesse sentido, o artigo de Cunha et al. "Elastography for the evaluation of thyroid nodules in pediatric patients"(1), publicado neste número da Radiologia Brasileira, aborda a contribuição da elastografia ultrassonográfica na diferenciação de nódulos tireoidianos benignos e malignos na faixa pediátrica, com base nas propriedades mecânicas elásticas das lesões, e que vem se somar aos critérios já bem estabelecidos pela ultrassonografia (US) convencional e com Doppler colorido para a detecção de nódulos suspeitos.
A elastografia ultrassonográfica é uma nova técnica que, de forma análoga à palpação, avalia a elasticidade dos tecidos com base no princípio de que tecidos saudáveis/lesões benignas são usualmente menos rígidos que os tecidos comprometidos por doenças/lesões malignas(2), dando expressão numérica e gráfica à consistência de um órgão ou lesão. Por meio dessa técnica promissora, diversos órgãos e estruturas vêm sendo avaliados, tais como mama, tireoide, glândulas salivares, fígado, baço, rins, alças intestinais, próstata, tendões e músculos. Os estudos nesse campo multiplicam-se e a técnica passa a ser cada vez mais difundida e incorporada à rotina dos exames, uma vez que se credita a ela o aumento da acurácia diagnóstica da US, em especial na diferenciação de nódulos tireoidianos benignos e malignos(3) e mesmo na identificação de timo ectópico intratireoidiano(4). A US diagnóstica, em que pesem as limitações próprias do método, que restringem o alcance da investigação é, ainda assim, potencialmente, o método de imagem ideal para avaliação de crianças, por suas características únicas de estudo multiplanar, em tempo real, inócuo e indolor. Por esse motivo, é com grande entusiasmo que, especialmente nós, os radiologistas pediátricos, recebemos todo e qualquer desenvolvimento tecnológico que aprimore e expanda o campo da US. Almejamos por mais estudos como este, foco desta resenha, que permitam a determinação, em breve, de parâmetros de consenso para a aplicação da técnica. E nos perguntamos: evoluiremos a ponto de prescindir das biópsias? REFERÊNCIAS 1. Cunha GB, Marino LCI, Yamaya A, et al. Elastography for the evaluation of thyroid nodules in pediatric patients. Radiol Bras. 2019;52:000-000. 2. Stenzel M, Mentzel HJ. Ultrasound elastography and contrast-enhanced ultrasound in infants, children and adolescents. Eur J Radiol. 2014;83:1560-9. 3. Rago T, Santini F, Scutari M, et al. Elastography: new developments in ultrasound for predicting malignancy in thyroid nodules. J Clin Endocrinol Metab. 2007;92:2917-22. 4. Bayramoglu Z, Ihezagire I, Adaletli I. The role of superb microvascular imaging and shear wave elastography in differentiation of intrathyroidal ectopic thymus and thyroid nodules. [cited 2019 May 15]. Available from: https://epostersonline.com/espr2019/node/11. Médica Radiologista Assistente do Serviço de Apoio Diagnóstico e Terapêutico do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (ICr/HC-FMUSP), Médica Radiologista do Laboratório Fleury Medicina e Saúde, São Paulo, SP, Brasil. E-mail: smsucena@gmail.com. |