Radiologia Brasileira - Publicação Científica Oficial do Colégio Brasileiro de Radiologia

AMB - Associação Médica Brasileira CNA - Comissão Nacional de Acreditação
Idioma/Language: Português Inglês

Vol. 51 nº 3 - Maio / Jun.  of 2018

EDITORIAIS
Print 

Page(s) 9 to 9



Contribuição do estudo dinâmico com contraste e da difusão em ressonância magnética no diagnóstico de linfonodos cervicais malignos

Autho(rs): Angela M. Borri Wolosker

PDF Português      

PDF English

Texto em Português English Text

É inegável a importância do diagnóstico por imagem na identificação e caracterização dos linfonodos cervicais, sobretudo no estadiamento tumoral, influindo na decisão de iniciar terapia, ajustá-la ou descontinuá-la(1). É conhecida também a limitação das imagens convencionais por ressonância magnética (RM) quanto à diferenciação entre envolvimento benigno e maligno, já que um linfonodo reativo pode estar aumentado da mesma maneira que um linfonodo metastático, e um linfonodo de tamanho normal pode ser maligno(2). Estuda-se, cada vez mais, a utilização de técnicas funcionais por RM para auxiliar nessa diferenciação.

As sequências de RM em difusão podem identificar a mudança na citoarquitetura e na densidade celular, permitindo, por meio dos valores de coeficiente de difusão aparente (ADC), a caracterização de linfonodos metastáticos de até 4-9 mm(3), que seriam falso-negativos no critério de morfologia e tamanho(4). Além disso, muitos estudos demonstram a importância na avaliação por difusão pós-tratamento, sugerindo que, após duas semanas, os valores de ADC já podem identificar o sucesso ou não da droga utilizada(5). As várias técnicas de estudo dinâmico após a injeção de meio de contraste permitem caracterizar a permeabilidade vascular e identificar a presença de neovascularização, sugestiva de linfonodos metastáticos(6). O estudo por espectroscopia demonstra a mudança na concentração de metabólitos que pode direcionar o diagnóstico(3).

No número anterior da Radiologia Brasileira, Cintra et al.(7) se aprofundaram na análise de 33 linfonodos cervicais, em estudo funcional por RM, com o objetivo de identificar sinais indicativos de malignidade ou benignidade. Os autores utilizaram a técnica de difusão por RM e uso dinâmico de contraste por RM com avaliação da perfusão/vascularidade para caracterizar os linfonodos e confrontar com os achados anatomopatológicos pós-cirúrgicos e de biópsia por aspiração com agulha fina.

Os resultados encontrados demonstraram que a difusão não apresentou diferenças estatisticamente significantes entre linfonodos benignos e malignos. O uso dinâmico de contraste apresentou resultados estatisticamente significantes para dois parâmetros: pico de realce e realce relativo, com menores valores do pico de realce e maiores valores de realce relativo para linfonodos malignos.

Os autores comentam alguns dados de literatura com resultados diferentes(8), fazendo uma análise crítica, ressaltando que o estudo funcional por RM tem potencial para diferenciar linfonodos malignos e benignos, devendo ser valorizado em associação com a análise das imagens convencionais, já que existem limitações aos estudos funcionais, como a presença de artefatos (respiração, deglutição, movimentos involuntários), as áreas de necrose (que devem ser reconhecidas e corretamente interpretadas) e a grande variação de parâmetros e valores de corte utilizados na literatura, dificultando a reprodutibilidade e comparação entre os estudos(9).


REFERÊNCIAS

1. Gage KL, Thomas K, Jeong D, et al. Multimodal imaging of head and neck squamous cell carcinoma. Cancer Control. 2017;24:172-9.

2. Nooij RP, Hof JJ, van Laar PJ, et al. Functional MRI for treatment evaluation in patients with head and neck squamous cell carcinoma: a review of the literature from a radiologist perspective. Curr Radiol Rep. 2018;6:2.

3. Widmann G, Henninger B, Kremser C, et al. MRI sequences in head & neck radiology - State of the art. Rofo. 2017;189:413-22.

4. de Bondt RB, Hoeberigs MC, Nelemans PJ, et al. Diagnostic accuracy and additional value of diffusion-weighted imaging for discrimination of malignant cervical lymph nodes in head and neck squamous cell carcinoma. Neuroradiology. 2009;51:183-92.

5. King AD, Chow KK, Yu KH, et al. Head and neck squamous cell carcinoma: diagnostic performance of diffusion weighted MR imaging for the prediction of treatment response. Radiology. 2013;266:531-8.

6. Abdel Razek AA, Gaballa G, Ashamalla G, et al. Dynamic susceptibility contrast perfusion-weighted magnetic resonance imaging and diffusion-weighted magnetic resonance imaging in differentiating recurrent head and neck cancer from postradiation changes. J Comput Assist Tomogr. 2015;39:849-54.

7. Cintra MB, Ricz H, Mafee MF, et al. Magnetic resonance imaging: dynamic contrast enhancement and diffusion-weighted imaging to identify malignant cervical lymph nodes. Radiol Bras. 2018;51:71-5.

8. Fischbein NJ, Noworolski SM, Henry RG, et al. Assessment of metastatic cervical adenopathy using dynamic contrast-enhanced MR imaging. AJNR Am J Neuroradiol. 2003;24:301-11.

9. Jansen JFA, Parra C, Lu Y, et al. Evaluation of head and neck tumors with functional MR imaging. Magn Reson Imaging Clin N Am. 2016;24:123-33.










Doutora, Médica Assistente do Setor de Cabeça e Pescoço do Departamento de Diagnóstico por Imagem da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp), Médica Sênior do Grupo Fleury, São Paulo, SP, Brasil. E-mail: ambwolosker@yahoo.com.br
 
RB RB RB
GN1© Copyright 2024 - All rights reserved to Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem
Av. Paulista, 37 - 7° andar - Conj. 71 - CEP 01311-902 - São Paulo - SP - Brazil - Phone: (11) 3372-4544 - Fax: (11) 3372-4554