Radiologia Brasileira - Publicação Científica Oficial do Colégio Brasileiro de Radiologia

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Idioma/Language: Português Inglês

Vol. 50 nº 6 - Nov. / Dez.  of 2017

CARTAS AO EDITOR
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Page(s) 406 to 407

Free-floating thrombus in the aortic arch

Autho(rs): Marcelo Coelho Avelino1; Carla Lorena Vasques Mendes de Miranda2; Camila Soares Moreira de Sousa2; Breno Braga Bastos3; Rafael Soares Moreira de Sousa4

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Texto em Português English Text

Sr. Editor,

Paciente do sexo feminino, 32 anos, atendida no serviço de urgência e emergência com quadro de dor abdominal, náuseas e vômitos. Na investigação diagnóstica negou comorbidades prévias. Foi realizada tomografia computadorizada de abdome com contraste, que demonstrou áreas hipocaptantes características de infartos, localizadas no lobo hepático direito, no corpo pancreático e envolvendo de forma subtotal o rim esquerdo e o baço, associadas a falhas de enchimento endoluminais no tronco celíaco e seus ramos, bem como na artéria renal esquerda e ramos mesentéricos superiores, compatíveis com trombos (Figuras 1A, 1B, 1C). Exames laboratoriais revelaram estado de hipercoagulabilidade decorrente de deficiência de proteína C. Complementou-se a investigação com angiotomografia da aorta torácica, que detectou material hipoatenuante endoluminal com pedículo aderido à porção distal do arco aórtico, na parede oposta à origem da artéria subclávia, determinando falha de enchimento, sugestivo de trombo pediculado (Figura 1D). Considerou-se a possibilidade diagnóstica de trombo flutuante no arco aórtico, complicado com embolização sistêmica. Foi indicada a remoção cirúrgica do trombo e reparação da base da lesão. Posteriormente, o histopatológico confirmou a hipótese inicial de um trombo organizado, sem indícios de malignidade.



Figura 1. A–C: Tomografia computadorizada de abdome com contraste, secções axiais, demonstrando áreas hipocaptantes características de infartos localizadas no lobo hepático direito (A), corpo pancreático (B) e envolvendo de forma subtotal o rim esquerdo (A) e o baço (C). D: Angiotomografia da aorta torácica mostrando trombo pediculado aderido à porção distal do arco aórtico, na parede oposta à origem da artéria subclávia.



Trombo flutuante da aorta é definido como uma porção não aderente do trombo, flutuando dentro da luz aórtica. É uma condição rara, com cerca de 100 casos descritos na literatura. Em geral, é incomum encontrar trombo aórtico sem associação com aneurisma e aterosclerose(1). Nestes casos, é frequentemente associado a estados de hipercoagulabilidade, trauma, neoplasias malignas, cirurgias prévias e fluxo sanguíneo turbulento.

As apresentações clínicas variam desde doença assintomática a sintomas relacionados a embolização cerebral, periférica ou visceral(1–6). No entanto, destaca-se uma maior prevalência de embolização em trombos flutuantes (75%) quando comparados a não flutuantes (12%). A maioria dos casos de trombo aórtico é diagnosticada após evento embólico, entretanto, alguns casos são descobertos incidentalmente em exames de rotina(1,5). Conforme relatado na literatura, o diagnóstico tem sido realizado por meio de ecocardiograma transesofágico ou angiotomografia, sendo esta última a modalidade preferida atualmente(1). A localização mais comumente encontrada de trombo na aorta torácica é a região do istmo da aorta e a porção distal do arco aórtico, no lado oposto à origem da artéria subclávia(4).

A abordagem terapêutica é considerada necessária pelo alto risco de embolização sistêmica maciça, porém, o tratamento ideal permanece indefinido. O trombolítico é considerado uma das opções, mas existe o risco de lise seletiva do pedículo da lesão, culminando em resultados catastróficos. Acredita-se que o tratamento cirúrgico, em pacientes selecionados, seja a opção mais aceitável(2,4–6).

O objetivo deste relato é descrever um raro caso de trombo flutuante no arco aórtico com embolização sistêmica, que foi tratado cirurgicamente com sucesso.


REFERÊNCIAS

1. Kim SD, Hwang JK, Lee JH, et al. Free floating thrombus of the aorta: an unusual cause of peripheral embolization. J Korean Surg Soc. 2011; 80:204–11.

2. Fischer ML, Matt P, Kaufmann BA, et al. An unusual cause of thromboembolic disease. Cardiovascular Medicine. 2015;18:229–30.

3. Rancic Z, Pfammatter T, Lachat M, et al. Floating aortic arch thrombus involving the supraaortic trunks: successful treatment with supra-aortic debranching and antegrade endograft implantation. J Vasc Surg. 2009;50:1177–80.

4. Noh TO, Seo PW. Floating thrombus in aortic arch. Korean J Thorac Cardiovasc Surg. 2013;46:464–6.

5. John SH, Kim NH, Lim JH, et al. Floating thrombus in the aortic arch: a case report. Korean Circulation J. 2005;35:180–2.

6. Choi JB, Choi SH, Kim NH, et al. Floating thrombus in the proximal aortic arch. Tex Heart Inst J. 2004;31:432–4.










1. Hospital de Urgência de Teresina Prof. Zenon Rocha, Teresina, PI, Brasil
2. Med Imagem, Teresina, PI, Brasil
3. UDI 24 horas, Teresina, PI, Brasil
4. Hospital Antônio Prudente, Fortaleza, CE, Brasil

Endereço para correspondência:
Dra. Camila Soares Moreira de Sousa
Med Imagem – Setor de Radiologia
Rua Paissandu, 1862, Centro
Teresina, PI, Brasil, 64001-120
E-mail: camilasoares__@hotmail.com
 
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