Radiologia Brasileira - Publicação Científica Oficial do Colégio Brasileiro de Radiologia

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Idioma/Language: Português Inglês

Vol. 50 nº 4 - Jul. / Ago.  of 2017

CARTAS AO EDITOR
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Page(s) 271 to 272



Hemangioma vesical: uma localização atípica

Autho(rs): Camila Soares Moreira de Sousa1; Ivo Lima Viana1; Carla Lorena Vasques Mendes de Miranda1; Breno Braga Bastos2; Ilan Lopes Leite Mendes1

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Texto em Português English Text

Sr. Editor,

Paciente do sexo masculino, dois anos de idade, encaminhado ao serviço de urgência e emergência pediátrica com quadro de hematúria macroscópica persistente. A ultrassonografia abdominal (não incluída neste relato) revelou formação ecogênica no interior da bexiga, fixa à mudança de decúbito. Tomografia computadorizada de abdome mostrou lesão vesical expansiva sólido-cística, com componente vegetante, parcialmente delimitada, contornos lobulados, apresentando pequena calcificação focal de permeio e realce pelo meio de contraste do componente sólido, com epicentro no teto vesical (Figura 1A). Posteriormente, ressonância magnética do abdome demonstrou formação com sinal intermediário em T1, sinal heterogêneo com predomínio de hipersinal em T2 e intenso realce lesional pelo meio de contraste (Figura 1B). Realizou-se cistectomia parcial (Figura 1C) e o histopatológico demonstrou lesão representada por proliferação de vasos de diferentes tamanhos, tipo veias, com intensa congestão e sem atipias, compatível com hemangioma cavernoso (Figura 1D).


Figura 1. A: Imagem axial de tomografia computadorizada de abdome mostrando lesão vesical expansiva sólido-cística com componente vegetante, parcialmente delimitada, contornos lobulados, apresentando pequena calcificação focal de permeio e realce pelo meio de contraste do componente sólido, com epicentro no teto vesical. B: Imagem de reformatação sagital em sequência ponderada em T2 de ressonância magnética de abdome demonstrando formação expansiva com sinal intermediário em T1, sinal heterogêneo com predomínio de hipersinal em T2 e intenso realce lesional pelo meio de contraste. C: Cistectomia parcial mostrando lesão tumoral. D: Histopatológico demonstrando lesão compatível com hemangioma cavernoso.



Os hemangiomas são formações tumorais benignas de capilares e vasos sanguíneos, comuns em vários órgãos, porém, em localização vesical representam uma afecção extremamente rara, correspondendo a 0,6% de todos os tumores neste órgão(1,2). Menos de 100 casos com comprovação histológica foram relatados na literatura(1).

Os hemangiomas vesicais, em sua maioria, são solitários, de dimensões menores que 3 cm e com predileção pela cúpula, parede posterior e trígono da bexiga. Ocorrem em todas as idades, mas observam-se com maior frequência em menores de 30 anos, com ligeira predominância do sexo masculino(2). Geralmente se apresentam como achado incidental durante a investigação de hematúria. O sintoma mais comum é a hematúria macroscópica, podendo vir associado a sintomas urinários irritativos e dor abdominal. Às vezes, coexistem com hemangioma cutâneo ou estão associados com a síndrome de Sturge-Weber e a síndrome de Klippel-Trenaunay-Weber(3–5).

Achados endoscópicos de massa azulada e séssil, associados a hematúria macroscópica em paciente jovem são altamente sugestivos de hemangioma(1). Os principais diagnósticos diferenciais considerados para lesões pigmentadas no exame endoscópico incluem endometriose, melanoma e sarcoma(6). Exames de imagem, como ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética, são úteis na definição da extensão e localização do tumor(2).

O tratamento é controverso e várias opções estão disponíveis, entretanto, a cistectomia parcial, atualmente, é a mais utilizada(3,6,7). Embora tenham curso benigno, o acompanhamento é obrigatório para detectar recorrência ou doença residual(3,7,8). O relato deste caso tem como objetivo difundir a importância do diagnóstico precoce e a diferenciação com neoplasias malignas da bexiga, o que mudaria a opção terapêutica e a sobrevida do paciente.


REFERÊNCIAS

1. Cheng L, Nascimento AG, Neumann RM, et al. Hemangioma of the urinary bladder. Cancer. 1999;86:498–504.

2. Stimac G, Dimanovski J, Katusic J, et al. A large cavernous hemangioma of the urinary bladder: imaging of possible spontaneous regression. Eur J Radiol Extra. 2007;61:61–3.

3. Jibhkate S, Sanklecha V, Valand A. Urinary bladder hemangioma – a rare urinary bladder tumor in a child. APSP J Case Rep. 2015;6:6.

4. Kim YY, Kim MJ, Lee MJ, et al. Multiple hemangiomas of the urinary bladder in a child with gross hematuria. Ultrasonography. 2015;34:231–4.

5. Ikeda T, Shimamoto K, Tanji N, et al. Cavernous hemangioma of the urinary bladder in an 8-year-old child. Int J Urol. 2004;11:429–31.

6. Wong-You-Cheong JJ, Woodward PJ, Manning MA, et al. From the Archives of the AFIP: Neoplasms of the urinary bladder: radiologic-pathologic correlation. Radiographics. 2006;26:553–80.

7. Lahyani M, Slaoui A, Jakhlal N, et al. Cavernous hemangioma of the bladder: an additional case managed by partial cystectomy and augmentation cystoplasty. Pan Afr Med J. 2015;22:131.

8. Castillo OA, Foneron A, Sepúlveda F, et al. Bladder hemangioma: case report. Arch Esp Urol. 2012;65:623–5.










1. Medimagem, Teresina, PI, Brasil
2. UDI 24 horas, Teresina, PI, Brasil

Endereço para correspondência:
Dra. Camila Soares Moreira de Sousa
Medimagem – Radiologia. Rua Paissandu, 1862, Centro
Teresina, PI, Brasil, 64001-120
E-mail: camilasoares__@hotmail.com
 
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