Radiologia Brasileira - Publicação Científica Oficial do Colégio Brasileiro de Radiologia

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Idioma/Language: Português Inglês

Vol. 50 nº 4 - Jul. / Ago.  of 2017

CARTAS AO EDITOR
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Page(s) 266 to 267



Hérnia inguinoescrotal por deslizamento com insinuação vesical, cálculo na bexiga e ureter distal

Autho(rs): Jose Domingos Contrera1; Francisco Teixeira Cardoso Sobrinho2

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Texto em Português English Text

Sr. Editor,

Paciente do sexo masculino, 55 anos, apresentando quadro de disúria, polaciúria, nictúria e diminuição do jato urinário. No exame físico constataram-se grande hérnia inguinoescrotal esquerda, irredutível, e discreto aumento prostático, e no exame laboratorial, anemia leve, piúria e elevação da uréia e creatinina. A ultrassonografia (US) mostrou hérnia inguinoescrotal esquerda com insinuação vesical, juntamente com o segmento distal ureteral dilatado, cálculo de aproximadamente 2,2 cm na junção ureterovesical (JUV), e outro semelhante, livre dentro da bexiga (Figura 1A). A tomografia computadorizada (TC) mostrou retardo de enchimento e dilatação piélica (Figura 1B), bem como dois cálculos projetados na bexiga herniada, estando um deles na JUV esquerda, com dilatação da via excretora renal na reconstrução coronal (Figuras 2A e 2B). Com as informações observadas nas imagens, o paciente foi submetido à cistolitotomia na região vesical herniada, retirada dos cálculos vesical e ureteral (com pinça de Randall) e correção da hérnia inguinal pela técnica de Lichtenstein, evoluindo satisfatoriamente.


Figura 1. A: US mostrando cálculo no interior da bexiga e outro na JUV com dilatação da via excretora renal a montante (setas). B: TC axial com retardo de enchi- A B mento da pelve renal esquerda (seta).


Figura 2. A: TC com reconstrução coronal mostrando herniação inguinoescrotal esquerda da bexiga com um cálculo no seu interior e outro na JUV (visto na US), com estase, dilatação e tortuosidade da via excretora a montante (setas). B: TC, fase tardia em reconstrução coronal, confirmando hérnia inguinoes crotal esquerda da bexiga (seta).



As hérnias da bexiga não são raras e se fazem através do canal femoral nas mulheres e pelo canal inguinal nos homens(1). No passado, as hérnias inguinoescrotais da bexiga eram detectadas no ato operatório ou em urografia excretora e apresentavam complicações como infecção urinária e uropatia obstrutiva(2–4). O diagnóstico pré-operatório com insinuação da bexiga é muito importante para o urologista, orientando o planejamento cirúrgico(5).

Atualmente, os exames de imagem mais realizados para o diagnóstico de hérnias inguinoescrotais são a US e a TC(6). A US é um exame não invasivo, útil para mostrar a presença da bexiga herniada e seus componentes, bem como a continuidade da bexiga com a porção não herniada no interior da pelve, e pode ser usada em urgências. O uso da TC com multidetectores facilita o diagnóstico, e em casos traumáticos pode mostrar outros locais de hérnia na parede abdominal, permitindo reconstruções coronal e sagital, e em razão da sua grande resolução possibilita ver melhor a relação da bexiga com os vasos epigástricos inferiores, permitindo a diferenciação entre hérnia inguinal direta, indireta e femoral(7). A ressonância magnética pode substituir a TC. A associação de US e ressonância magnética é útil para a avaliação de modo não invasivo e não radiante das alterações na bolsa escrotal(8).

No caso relatado os autores descrevem a importância da US para o diagnóstico de um cálculo no lúmen vesical e outro na JUV, com dilatação da via excretora renal a montante, e a confirmação dos achados com a TC, com um dos cálculos projetados na bexiga e outro na JUV à esquerda, contribuindo para a conduta e o sucesso cirúrgico. Em revisão da literatura, nenhum outro caso de cálculo ureteral em hérnia inguinoescrotal da bexiga foi relatado.


REFERÊNCIAS

1. Levine B. Scrotal cystocele. J Am Med Assoc. 1951;147:1439–41.

2. Fisher PC, Hollenbeck BK, Montgomery JS, et al. Inguinal bladder hernia masking bowel ischemia. Urology. 2004;63:175–6.

3. Huerta S, Fairbanks T, Cinat M. Incarcerated vesicoinguinal hernia presenting with gross hematuria. J Am Coll Surg. 2005;201:992–3.

4. Kraft KH, Sweeney S, Fink AS, et al. Inguinoscrotal bladder hernias: report of a series and review of the literature. Can Urol Assoc J. 2008;2:619–23.

5. Ng AC, Leung AK, Robson WL. Urinary bladder calculi in a sliding vesical-inguinal-scrotal hernia diagnosed preoperatively by plain abdominal radiography. Adv Ther. 2011;24:1016–9.

6. Bacigalupo LE, Bertolotto M, Barbiera F, et al. Imaging of urinary bladder hernias. AJR Am J Roentgenol. 2005;184:546–51.

7. Burkhardt JH, Arshanskiy Y, Munson JL, et al. Diagnosis of inguinal region hernias with axial CT: the lateral crescent sign and other key findings. Radiographics. 2011;31: E1–12.

8. Resende DAQP, Souza LRMF, Monteiro IO, et al. Scrotal collections: pictorial essay correlating sonographic with magnetic resonance imaging findings. Radiol Bras. 2014;47:43–8.










1. IDI – Instituto de Diagnóstico por Imagem, Ribeirão Preto, SP, Brasil
2. Centro de Diagnóstico por Imagem, Parintins, AM, Brasil

Endereço para correspondência:
Dr. Jose Domingos Contrera
Rua Pau Brasil, 432, Jardim Recreio
Ribeirão Preto, SP, Brasil, 14040-220
E-mail: jdcontrera@gmail.com
 
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