CARTAS AO EDITOR
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Autho(rs): André Martins Fernandes1; Bernardo Vieira Paim1; Ana Paula Aguiar Vidal1; Edson Marchiori1; Daniella Braz Parente2 |
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Sr. Editor,
Paciente do sexo feminino, 44 anos, há 7 anos apresenta episódios paroxísticos de dispneia, cefaleia, palpitação, tremores e hipertensão arterial. Os sintomas tiveram início súbito, sem fatores desencadeantes, com melhora espontânea em cerca de 15 minutos. Não apresentava achados relevantes ao exame físico, nem outras comorbidades. Na internação hospitalar relatou episódios de palpitação, taquicardia e sudorese profusa pós-miccionais, permanecendo assintomática no período intercrises. Foi submetida a tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética (RM) (Figuras 1A e 1B, respectivamente). Na TC observou-se lesão nodular com densidade de partes moles, de contornos lobulados, com realce intenso e heterogêneo pelo meio de contraste venoso, medindo 3,5 cm × 3,0 cm, na parede anteroinferior da bexiga. Na RM a lesão apresentava padrão lobulado, com sinal heterogêneo em T2 e predomínio de isossinal, com focos de hipersinal na região central. Foi realizada ressecção cirúrgica da lesão (cistectomia parcial), observando-se tumor na parede anterior direita da bexiga, medindo 3,0 cm × 3,0 cm, de coloração amarelada, com aspecto macroscópico semelhante a tecido de adrenal (Figura 1C). O exame anatomopatológico da peça diagnosticou paraganglioma extra-adrenal com margens tumorais livres (Figura 1D). No pós-operatório e no restante da internação a paciente não mais apresentou os sintomas adrenérgicos relatados anteriormente. Figura 1. A: TC axial após administração de contraste venoso mostra lesão nodular hipervascular na parede anteroinferior da bexiga (seta). B: RM em sequência ponderada em T2 identifica lesão isointensa no mesmo sítio, com sinal heterogêneo e focos centrais de hipersinal (seta). C: Peça cirúrgica (ressecção da lesão). D: Corte histológico, com aumento de quatro vezes, corado em hematoxilina-eosina, demonstra lesão com arranjo padrão zellballen (seta contínua), cápsula do tumor (seta pontilhada) e a parede vesical (cabeça de seta). Feocromocitomas são tumores do sistema nervoso simpático e podem ser funcionantes ou não funcionantes, às vezes secretando catecolaminas, causando hipertensão paroxística, palpitações, cefaleia e síncope(1). São mais comuns entre a quarta e sexta décadas de vida. Cerca de 10% são bilaterais, 10% são malignos, 10% ocorrem em crianças e 10% são extra-adrenais. Mais de 90% estão situados na adrenal e 98% são intra-abdominais. Podem ocorrer em qualquer sítio desde a base do crânio até a bexiga, e quando localizados fora da adrenal, são chamados de paragangliomas(2). O feocromocitoma de bexiga é um tumor raro, originado de células cromafins do sistema nervoso simpático, associado à parede vesical, perfazendo 0,06% de todos os tumores vesicais e 6% de todos os paragangliomas do corpo(3). Na bexiga podem se apresentar com os sintomas típicos do feocromocitoma, hematúria e síncope miccional, como resultado da liberação de catecolaminas por contração vesical. Aproximadamente 10% a 15% dos paragangliomas da bexiga são não funcionantes e outros 10% possuem atividade hormonal sem expressão clínica(4). Artigos recentes têm discutido o papel dos exames de imagem no estudo das lesões pélvicas(5-10). O diagnóstico por imagem dos feocromocitomas inclui ultrassonografia, TC, RM e cintilografia. A sensibilidade da TC e da RM para a detecção de feocromocitomas adrenais maiores que 1,0 cm se aproxima de 95% e 100%, respectivamente, sendo a RM mais específica que a TC(11). A principal manifestação na RM é de lesão expansiva com baixo sinal nas sequências em T1 e alto sinal em T2, com intensa impregnação após administração de contraste. No entanto, raramente o feocromocitoma pode apresentar baixo sinal nas sequências em T2(2). O tratamento de escolha para o paraganglioma é a ressecção cirúrgica. A maioria dos tumores é benigna e estes podem ser totalmente ressecados(12). REFERÊNCIAS 1. Beilan J, Lawton A, Hajdenberg J, et al. Pheochromocytoma of the urinary bladder: a systematic review of the contemporary literature. BMC Urol. 2013;13:22. 2. Martins DL, Baroni RH, Blasbalg R, et al. Evaluation of adrenal tumors by magnetic resonance imaging with histological correlation. Radiol Bras. 2008;41:55–62. 3. Wong EMH, Lai TCT, Tsu JHL, et al. Primary paraganglioma of urinary bladder: case series and review of the literature. Surgical Practice. 2015;19:82–5. 4. Peng C, Bu S, Xiong S, et al. Non-functioning paraganglioma occurring in the urinary bladder: a case report and review of the literature. Oncol Lett. 2015;10:321–4. 5. Montón CS, Esparza JFO, Ventura AB, et al. Mesothelioma of the tunica vaginalis in a patient with giant hydrocele. Radiol Bras. 2016;49:63–4. 6. Rondina RG, Volpato R, Guerra LFA, et al. Differential diagnosis of anterior sacral meningocele during the evaluation of post-hysterectomy pelvic collections. Radiol Bras. 2016;49:203–4. 7. Queiroz RM, Costa PP, Oliveira NYF, et al. Female urethral diverticulum containing a urothelial carcinoma. Radiol Bras. 2016;49:406–7. 8. Lopes PM, Sepúlveda L, Ramos R, et al. The role of transrectal ultrasound in the diagnosis of prostate cancer: new contributions. Radiol Bras. 2015;48:7–11. 9. Ferreira DM, Bezerra ROF, Ortega CD, et al. Magnetic resonance imaging of the vagina: an overview for radiologists with emphasis on clinical decision making. Radiol Bras. 2015;48:249–59. 10. Salvadori PS, Bomfim LN, von Atzingen AC, et al. Spontaneous rupture of ovarian cystadenocarcinoma: pre- and post-rupture computed tomography evaluation. Radiol Bras. 2015:330–2. 11. Qiao HS, Feng XL, Yong L, et al. The MRI of extraadrenal pheochromocytoma in the abdominal cavity. Eur J Radiol. 2007;62:335–41. 12. Young WF Jr. Paragangliomas: clinical overview. Ann N Y Acad Sci. 2006;1073:21–9. 1. Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil 2. Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino, Rio de Janeiro, RJ, Brasi Endereço para correspondência: Dr. André Martins Fernandes Hospital Universitário Clementino Fraga Filho Rua Rodolpho Paulo Rocco, 255, Cidade Universitária Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 21941-913 E-mail: o_amf@hotmail.com |