Radiologia Brasileira - Publicação Científica Oficial do Colégio Brasileiro de Radiologia

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Idioma/Language: Português Inglês

Vol. 49 nº 5 - Set. / Out.  of 2016

CARTA AO EDITOR
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Page(s) 343 to 344



Leiomioma da mama: um tumor incomum

Autho(rs): Giorge Pereira Sampaio1; Melissa Vieira Koch2; Márcia Boechat2; Viviane Esteves Matos2; Alair Augusto Sarmet Moreira Damas dos Santos3

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Texto em Português English Text

Sr. Editor,

Paciente do sexo feminino, 59 anos de idade, sem antecedentes de importância, foi encaminhada por médico clínico geral para o serviço de radiologia para realização de mamografia de rotina. Não referia queixas clínicas, e no exame físico foi detectado um nódulo indolor, móvel e bem delimitado. Foi realizada mamografia de alta resolução, que identificou nódulo oval denso, de contornos bem definidos, localizado no quadrante inferior externo da mama esquerda (4 horas), medindo 5,5 × 3,0 cm (Figura 1). Exame ecográfico demonstrou nódulo de forma ovalada, contornos bem definidos, com orientação paralela à pele, hipoecoico, sem fluxo ao Doppler, localizado no quadrante inferior externo da mama esquerda, medindo 3,5 × 1,7 × 3,5 cm (Figura 2).


Figura 1. Em A, mamografia de alta resolução na incidência craniocaudal esquerda, e em B, mamografia de alta resolução na incidência mediolateral oblíqua esquerda, ambas demonstrando nódulo denso, de contornos lobulados, limites definidos, localizado no quadrante inferior externo da mama esquerda.


Figura 2. Exame ecográfico da mama esquerda demonstrando nódulo de forma ovalada, margens lobuladas e limites precisos, hipoecoica, localizado no quadrante inferior externo da mama esquerda.



A paciente foi submetida a biópsia percutânea por agulha grossa guiada por ultrassonografia, e o estudo anatomopatológico do material obtido mostrou tumor de músculo liso de caráter benigno. Na imuno-histoquímica demonstrou-se positividade da lesão para actina de músculo liso e vimentina e negatividade para S100, sendo confirmado o diagnóstico de leiomioma.

Leiomioma é um tumor benigno formado de tecido muscular liso, sendo considerado uma das neoplasias mesenquimais mais frequentes em órgãos do trato gastrintestinal e útero(1). Quando presente na mama, é originado a partir do estroma da glândula, sendo extremamente raro(2).

Estudos mamográficos e ecográficos são comumente utilizados como rastreio. No entanto, a avaliação histopatológica é o método definitivo para o diagnóstico. Alguns diagnósticos diferenciais a serem considerados são os carcinomas, os sarcomas, os tumores benignos e as condições pseudotumorais(3–6). O tratamento consiste na excisão cirúrgica da lesão, sendo a recorrência incomum(7).

Os tumores de músculo liso são incomuns, particularmente se sua localização é na glândula mamária. Estes tumores equivalem a menos de 1% das neoplasias da mama. As lesões parenquimatosas profundas são extremamente infrequentes e parecem afetar somente mulheres. Leiomiomas acometem mulheres com idades variando de 30 a 60 anos (média de idade de 47,6 anos)(8). Eles ocorrem frequentemente próximo do complexo areolopapilar e isto está relacionado com a abundância de células de músculo liso ao redor do mamilo e aréola(9). O músculo liso é um componente que pode estar presente com outras lesões, como os fibroadenomas ou os hamartomas. Os leiomiomas localizados no parênquima (caso da paciente) são circunscritos e variam de 1,0 cm a 14,0 cm(1,2).

Não existem critérios radiológicos que permitam o diagnóstico de certeza, sendo necessário, para o diagnóstico definitivo, o estudo histopatológico e imuno-histoquímico da lesão(7–10). O diagnóstico diferencial histopatológico se faz com fibroadenoma, tumor filodes, adenomioepitelioma e leiomiossarcoma de mama. Este último apresenta, na histopatologia, atipia celular proeminente, mitoses atípicas, invasão vascular e necrose(11). Comumente, os pacientes são assintomáticos, no entanto, podem apresentar prurido, aumento do volume mamário, dor, endurecimento do mamilo ou nódulo(2).


REFERÊNCIAS

1. Sidoni A, Lüthy L, Bellezza G, et al. Leiomyoma of the breast: case report and review of the literature. Breast. 1999;8:289–90.

2. Minami S, Matsuo S, Azuma T, et al. Parenchymal leiomyoma of the breast: a case report with special reference to magnetic resonance imaging findings and an update review of literature. Breast Cancer. 2011;18:231–6.

3. Valentim MH, Monteiro V, Marques JC. Primary neuroendocrine breast carcinoma: a case report and literature review. Radiol Bras. 2014;47:125–7.

4. Bitencourt AGV, Lima ENP, Chojniak R, et al. Correlation between PET/CT results and histological and immunohistochemical findings in breast carcinomas. Radiol Bras. 2014;47:67–73.

5. Pinheiro DJPC, Elias S, Nazário ACP. Axillary lymph nodes in breast cancer patients: sonographic evaluation. Radiol Bras. 2014;47:240–4.

6. Campos GCP, Castro MVK, Mattos VFE, et al. Lymphocytic mastopathy mimicking breast malignancy: a case report. Radiol Bras. 2014;47:256–8.

7. Heyer H, Ohlinger R, Schimming A, et al. Parenchymal leiomyoma of the breast – clinical, sonographic, mammographic and histological features. Utraschall Med. 2006;27:55–8.

8. Vecchio GM, Cavaliere A, Cartaginese F, et al. Intraparenchymal leiomyoma of the breast: report of a case with emphasis on needle core biopsy-based diagnosis. Pathologica. 2013;105:122–7.

9. Rad FS, Zangivand AA. Breast leiomyoma: a case report and review of the literature. Comp Clin Pathol. 2014;23:483–5.

10. Yalta T, Bekar E, Balaban F. Leiomyoma of the breast: a case report. Dicle Medical Journal. 2012;39:283–5.

11. Munitiz V, Rios A, Canovas J, et al. Primitive leiomyosarcoma of the breast: case report and review of the literature. Breast. 2004;13:72–6.










1. Complexo Hospitalar de Niterói, Niterói, RJ, Brasil
2. Instituto Fernandes Figueira, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
3. Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói, RJ, Brasil

Endereço para correspondência:
Dr. Giorge Pereira Sampaio
Complexo Hospitalar de Niterói – Radiologia
Rua La Salle, 12, Centro
Niterói, RJ, Brasil, 24020-096
E-mail: giorgesampaio@hotmail.com
 
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