Radiologia Brasileira - Publicação Científica Oficial do Colégio Brasileiro de Radiologia

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Idioma/Language: Português Inglês

Vol. 49 nº 4 - Jul. / Ago.  of 2016

CARTA AO EDITOR
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Page(s) 274 to 275



Anomalia do arco aórtico em paciente adulto: um caso de arco aórtico à direita com artéria subclávia esquerda aberrante e divertículo de Kommerell

Autho(rs): Alexandre Ferreira Silva1; José Antônio dos Santos2

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Sr.Editor,

Homem de 54 anos com sintomas vagos de desconforto à deglutição submetido a ressonância magnética do tórax. O exame demonstrou arco aórtico direito com artéria subclávia esquerda aberrante e divertículo de Kommerell (Figuras 1 e 2).


Figura 1. A,B: Ressonância magnética, plano axial, ponderada em T2 spin eco mostrando arco aórtico à direita (seta).


Figura 2. Ressonância magnética, plano coronal, ponderada em T2 spin eco demonstrando divertículo de Kommerell (seta).



Doenças torácicas de origem vascular têm sido motivo de uma série de recentes publicações na literatura radiológica brasileira(1–5). Defeito congênito incomum, presente em 0,05% da população, de causa desconhecida, primeiramente descrito por Fioratti e Aglietti, o arco aórtico à direita frequentemente é assintomático, porém, pode estar relacionado com disfagia e com complicações decorrentes de uma formação de aspecto aneurismático. Isto, em geral, ocorre na origem da artéria subclávia esquerda e é conhecido como aneurisma de Kommerell ou divertículo de Kommerell, o qual pode ocasionar compressão de estruturas mediastinais e/ou romper espontaneamente(6–13). Em crianças, os sintomas podem estar relacionados também com possíveis anomalias cardíacas congênitas existentes(7).

Diversas classificações foram propostas, entretanto, a mais utilizada é a classificação de Edwards, que descreveu três tipos principais de arco aórtico à direita: tipo I – com os ramos das grandes artérias formando imagem em espelho; tipo II – com uma artéria subclávia aberrante; e o tipo III – com artéria subclávia isolada, quando a artéria subclávia está conectada com a artéria pulmonar por meio do ductus arteriosus(8). No caso aqui apresentado, a variante é classificada como do tipo II de Edwards, a qual representa, aproximadamente, 40% de todos os casos de arco aórtico à direita(7).

Em um estudo de autópsias, citado por Faucz et al.(7), 50% dos casos de arco aórtico à direita foram associados com artéria subclávia esquerda aberrante, a qual pode estar localizada atrás do esôfago (80%), entre a traqueia e o esôfago (15%) ou anteriormente à traqueia (5%). A associação com anomalias cardíacas congênitas pode ocorrer em alguns casos(7,9,10).

O tratamento, em geral, é cirúrgico e bastante complexo. Os exames de imagem pré-operatórios são extremamente importantes para o planejamento da cirurgia, que depende da distribuição anatômica das estruturas locais, do tamanho e da extensão do aneurisma. O acompanhamento ambulatorial pode ser uma opção, porém, o reparo endovascular tem sido feito com sucesso(7,11).

O critério de intervenção ainda é motivo de debate. Geralmente se aceita a intervenção cirúrgica nos casos em que o diâmetro do orifício do divertículo excede mais de 30 mm e/ou o diâmetro da aorta descendente adjacente ao divertículo excede mais de 50 mm(11).


REFERÊNCIAS

1. Neves PO, Andrade J, Monção H. Coronary anomalies: what the radiologist should know. Radiol Bras. 2015;48:233–41.

2. Herrero Lara JA, de Araújo Martins-Romêo D, Caparrós Escudero C, et al. Hybrid treatment of penetrating aortic ulcer. Radiol Bras. 2015;48:192–4.

3. Batista MN, Barreto MM, Cavaguti RF, et al. Pulmonary artery sarcoma mimicking chronic pulmonary thromboembolism [Letter]. Radiol Bras. 2015;48:333–4.

4. Amaral RH, Souza VVS, Nin CS, et al. Aortic lesion simulating pulmonary disease: a case report. Radiol Bras. 2014;47:320–2.

5. Araújo Neto CA, Andrade ACO, Badaró R. Intima-media complex in the investigation of atherosclerosis in HIV-infected patients [Letter]. Radiol Bras. 2014;47(1):x.

6. Sprong DH, Cutler NL. A case of human right aorta. Anat Rec. 1930;45:365–75.

7. Faucz RA, Furlan S, Barros AS, et al. Arco aórtico direito com artéria subclávia esquerda aberrante e divertículo de Kommerell. Radiol Bras. 2005;38:381–4.

8. Edwards JE. Anomalies of the derivatives of the aortic arch system. Med Clin North Am. 1948;32:925–49.

9. Costa RN, Andrade IS, Reyes RO, et al. Arco aórtico direito com divertículo de Kommerell. Rev Bras Cardiol Invas. 2009;17:279–80.

10. Kimura-Hayama ET, Meléndez G, Mendizábal AL, et al. Uncommon congenital and acquired aortic diseases: role of multidetector CT angiography. Radiographics. 2010;30:79–98.

11. Tanaka A, Milner R, Ota T. Kommerell’s diverticulum in the current era: a comprehensive review. Gen Thorac Cardiovasc Surg. 2015;63:245–59.

12. Barranhas AD, Indiani JM, Marchiori E, et al. Atypical presentation of Kommerell’s diverticulum. Arq Bras Cardiol. 2009;93:e88–90, e101–3.

13. Barranhas AD, Santos AASMD, Coelho-Filho OR, et al. Cardiac magnetic resonance imaging in clinical practice. Radiol Bras. 2014;47:1–8.










1. Ecotomo S/C Ltda., Belém, PA, Brasil
2. Dimagem – Diagnóstico por Imagem, Belém, PA, Brasil

Endereço para correspondência:
Dr. Alexandre Ferreira Silva
Rua Bernal do Couto, 93/1202, Umarizal
Belém, PA, Brasil, 06055-080
E-mail: alexandreecotomo@oi.com.br
 
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