EDITORIAL
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Autho(rs): Flavia Martins Costa |
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A artroplastia do quadril é um dos grandes avanços tecnológicos da medicina moderna, beneficiando amplamente um grande número de pacientes. Contudo, como toda cirurgia, está sujeita a inúmeras complicações, algumas facilmente reconhecidas e outras nem tanto, como é o caso do pseudotumor inflamatório.
Os pseudotumores podem ser encontrados em quadril com prótese funcionante e no quadril doloroso, por isso a avaliação clínica associada ao diagnóstico correto é crucial, tanto para o prognóstico como para a conduta terapêutica destes pacientes, já que a presença de uma coleção cística periprótese não está ligada necessariamente a uma revisão da prótese(1). Nestes casos, a ressonância magnética (RM) se mostra eficaz e com boa acurácia, principalmente para a avaliação das partes moles. No entanto, após ler o artigo de revisão de Vilas Boas et al.(2), neste número da Radiologia Brasileira, percebe-se que este diagnóstico é praticamente um desafio para esta especialidade médica. Primeiro, a presença de artefatos de suscetibilidade magnética causados pelas próteses pode gerar grandes distorções de imagens, limitando a visualização adequada e dificultando o diagnóstico. Para isso, estão disponíveis inúmeras técnicas e sequências, que variam de acordo com cada aparelho, e que, apesar de minimizar em estes artefatos, muitas vezes determinam perda na resolução das imagens(3). Após vencer as barreiras técnicas, enfrenta-se os principais diagnósticos diferenciais: os sarcomas (1% dos tumores malignos), dificilmente reconhecidos, "verdadeiros lobos em pele de cordeiro", e também os abscessos(2). Para diagnosticar estes últimos, além da história clínica bem colhida, a sequência de difusão por RM mostra-se extremamente eficaz, mas devido a limitações técnicas, ocasionadas pelas próteses, não pode ser realizada. Por fim, a falta do contato médico com o paciente, somada a uma história clínica insuficiente ou colhida inadequadamente, resulta na omissão de detecção desta complicação cirúrgica. Com base no exposto, os radiologistas devem ficar bastante atentos e reconhecer que inúmeras variáveis contribuem para que o diagnóstico precoce do pseudotumor inflamatório não seja realizado corretamente, sendo fundamental para estes casos, sobretudo, a sabedoria médica, aliada a uma atenção clínica voltada para o paciente e, obviamente, a uma habilidade técnica. Alcançar esta meta será possível com uma equipe técnica formada por tecnólogos de RM e técnicos de enfermagem bem capacitados, além de médicos radiologistas experientes e com conhecimento adequado. REFERÊNCIAS 1. Chang EY, McAnally JL, Van Horne JR, et al. Metal-on-metal total hip arthroplasty: do symptoms correlate with MR imaging findings? Radiology. 2012;265:848-57. 2. Vilas Boas RMS, Madeira IA, Lopes AA, et al. Pseudotumor inflamatório do quadril: uma complicação da artroplastia a ser reconhecida pelo radiologista. Radiol Bras. 2015;48:314-8. 3. Yanny S, Cahir JG, Barker T, et al. MRI of aseptic lymphocytic vasculitis-associated lesions in metal-on-metal hip replacements. AJR Am J Roentgenol. 2012;198:1394-402. Membro Titular do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), Mestre, Doutoranda em Radiologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Médica Radiologista da Clínica de Diagnóstico por Imagem (CDPI/DASA), Rio de Janeiro, RJ, Brasil. E-mail: flavia26rio@hotmail.com |