EDITORIAL
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Autho(rs): Wagner Iared1; Giuseppe D'Ippolito2 |
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O espectro da doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) vai além da esteatose, podendo evoluir para esteato-hepatite, fibrose e cirrose. O que se espera dos exames de imagem é a definição, de maneira não invasiva, se há ou não aumento do teor lipídico hepático e em que grau(1).
Se por um lado a ultrassonografia (US) apresenta acurácia inferior à ressonância magnética (RM) para a detecção e avaliação do grau de esteatose, a ampla disponibilidade do método, associada ao seu menor custo, torna a US a ferramenta diagnóstica mais utilizada para a avaliação inicial de alterações parenquimatosas hepáticas(2,3). A infiltração gordurosa hepática é um dos achados mais comuns em exames ultrassonográficos realizados rotineiramente. Pacientes com diabetes mellitus, resistência à insulina, obesidade e síndrome metabólica são particularmente propensos a desenvolver a DHGNA(4). O interesse dos profissionais que tratam indivíduos com estes fatores de risco para o desenvolvimento da DGHNA tem promovido um aumento no número de exames de imagem e particularmente de US abdominais. A detecção e quantificação da DHGNA têm diversas implicações clínicas. Seu reconhecimento precoce pode ser crucial para que se institua a conduta adequada de modo a prevenir a progressão da doença e suas complicações(2). Aspectos de imagem da esteatose na avaliação ultrassonográfica no modo “B”, tais como o aumento da ecogenicidade do parênquima hepático e a atenuação do feixe acústico posterior, estão bem estabelecidos(2,3). Outrossim, quase todos os novos equipamentos de US disponíveis e comercializados atualmente dispõem do recurso Doppler. E, se por um lado há inúmeros estudos avaliando os padrões de fluxo nos vasos hepáticos e portais para a avaliação da cirrose hepática, existem poucos estudos que avaliem tais parâmetros na esteatose. Neste número, a Radiologia Brasileira traz o trabalho de Borges et al.(5), que avaliaram as alterações dos padrões de fluxo da veia hepática direita em pacientes com diferentes graus de esteatose hepática, comparando-os com pacientes controles saudáveis. Os autores do trabalho procuraram utilizar um parâmetro reprodutível, ou seja, facilmente mensurável, como o fluxo na veia hepática direita. Os diferentes graus de esteatose foram determinados pela biópsia, que é considerada por muitos autores o padrão de referência para esse diagnóstico(6). Borges et al. não encontraram diferença nos padrões de fluxo entre os pacientes com diferentes graus de DHGNA. No entanto, a diferença significante dos padrões de fluxo entre os grupos de doentes e pacientes saudáveis encontrada no seu trabalho pode servir como uma motivação a mais para que, ao se realizar a US abdominal na pesquisa da esteatose hepática, o estudo seja complementado com uma avaliação dopplerfluxométrica, principalmente para diferenciar um fígado esteatótico de um órgão normal. Ulteriores estudos poderão aprofundar esta aplicação do Doppler e validar a sua utilidade. REFERÊNCIAS 1. Bugianesi E, Moscatiello S, Ciaravella MF, et al. Insulin resistance in nonalcoholic fatty liver disease. Curr Pharm Des. 2010;16:1941–51. 2. Ma X, Holalkere NS, Kambadakone RA, et al. Imaging-based quantification of hepatic fat: methods and clinical applications. Radiographics. 2009;29:1253–77. 3. Charatcharoenwitthaya P, Lindor KD. Role of radiologic modalities in the management of non-alcoholic steatohepatitis. Clin Liver Dis. 2007;11:37–54, viii. 4. Kotronen A, Yki-Järvinen H. Fatty liver: a novel component of the metabolic syndrome. Arterioscler Thromb Vasc Biol. 2008;28:27–38. 5. Borges VFA, Diniz ALD, Cotrim HP, et al. Dopplerfluxometria da veia hepática em pacientes com esteatose não alcoólica. Radiol Bras. 2011;44:1–6. 6. Kleiner DE, Brunt EM, Van Natta M, et al. Design and validation of a histological scoring system for nonalcoholic fatty liver disease. Hepatology. 2005;41:1313–21. 1. Coordenador do Setor de Ultrassonografia do Departamento de Diagnóstico por Imagem da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), São Paulo, SP, Brasil. 2. Professor Livre-Docente do Departamento de Diagnóstico por Imagem da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), São Paulo, SP, Brasil. E-mail: giuseppe_dr@uol.com.br |