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RELATO DE CASO
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Autho(rs): Antonio Carlos Pires Carvalho, Rodrigo Santos Beze, Antônio Francisco Neves Filho |
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Descritores: Cisto de pericárdio. Radiologia. |
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Resumo: INTRODUÇÃO Os tumores e os cistos do coração e pericárdio são raros(1). Os cistos do pericárdio geralmente são assintomáticos, com diagnóstico relativamente simples, e seu diagnóstico correto, inicialmente investigado como uma massa torácica, evitará procedimentos agressivos para o paciente. Este caso tem como característica marcante a ausência do clássico sinal da silhueta descrito por Felson e Felson(2), o que sugere que a localização da lesão não é paracardíaca e torna incomum o diagnóstico final de cisto pericárdico, em especial pelo aspecto mais alongado e a extremidade afilada na radiografia em perfil, que podem, até, sugerir a hipótese de derrame cissural.
RELATO DO CASO Paciente de 63 anos de idade, do sexo feminino, brasileira, natural do Ceará e residente na cidade do Rio de Janeiro, RJ, procurou atendimento médico queixando-se de desconforto torácico esquerdo há cerca de seis meses. Foram realizadas radiografias do tórax em póstero-anterior e perfil, que evidenciaram massa homogênea, ovalada, de limites bem definidos, contígua ao coração, no seio cardiofrênico direito (Figura 1), deixando nitidamente visível a margem cardíaca direita. Foi realizado ecocardiograma transtorácico, que evidenciou imagem compatível com cisto pericárdico (Figura 2).
DISCUSSÃO O diagnóstico de cisto pericárdico é geralmente considerado quando se evidencia, em radiografia de tórax, massa confinada à borda cardíaca. No passado, muitos desses cistos eram diagnosticados post-mortem. Com o avanço das técnicas de diagnóstico por imagem e do tratamento cirúrgico do coração, tem sido possível diagnosticar e curar esta condição. Os cistos representam aproximadamente 20% de todos os tumores do coração e pericárdio(1). A maioria dos relatos da literatura refere o aspecto radiográfico mais freqüente como sendo uma massa arredondada, de bordas lisas e bem demarcadas, situada junto à margem cardíaca direita, embora haja descrição de cisto pericárdico em outras localizações(3). Eles podem ser congênitos ou adquiridos. Em sua maioria são cistos celômicos congênitos, uniloculares, que contêm, no seu interior, líquido claro, e são revestidos por endotélio ou mesotélio(4). Em sua maioria, os cistos pericárdicos são assintomáticos. Ocasionalmente, podem alterar a hemodinâmica cardiovascular e produzir sinais e sintomas que simulam estenose tricúspide, estenose pulmonar ou pericardite constritiva(4). Podem ser diagnosticados com radiografias, fluoroscopia, ecocardiografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética. Seu diagnóstico pode ser dificultado em duas situações: quando a aparência na radiografia do tórax não é usual, isto é, a lesão não se localiza no ângulo cardiofrênico direito, ou mais raramente no esquerdo, ou quando seu achado radiográfico ocorre em paciente sintomático(5). Juhl(6) relata que, quando se encontra um pequeno cisto na região do ângulo cárdio-hepático, este pode estender-se para a cissura interlobar primária. A porção interlobar do cisto teria, então, uma forma característica de lágrima ou pêra na incidência lateral. Para o diagnóstico diferencial devem ser considerados tumores sólidos, incluindo angioma, lipoma, tumor neurogênico (especialmente neurinoma), sarcoma, linfoma, carcinoma broncogênico, metástase, lesão granulomatosa e abscesso. Outros cistos devem ser diferenciados, tais como cisto broncogênico, intestinal e linfangiomas. Também devem ser consideradas as hérnias diafragmáticas e aneurismas, cardíacos ou dos grandes vasos(3). Uma vez diagnosticado, e tendo em vista que estudos de longa duração demonstraram que pacientes assintomáticos não desenvolveram sintomas, não é necessária sua remoção cirúrgica(3).
REFERÊNCIAS 1. Engle DE, Tresch DD, Boncheck LI, Foley WD, Brooks HL. Misdiagnosis of pericardial cyst by echocardiography and computed tomography scanning. Arch Intern Med 1983;143:351-2. [ ] 2. Felson B, Felson H. Localization of intrathoracic lesions by means of the postero-anterior roentgenogram: the silhouette sign. Radiology 1950;55:363. [ ] 3. Feigin DS, Fenoglio JJ, McAllister HA, Madewell JE. Pericardial cysts: a radiologic-pathologic correlation and review. Radiology 1977;125:15-20. [ ] 4. Klatte EC, Yune HY. Diagnosis and treatment of pericardial cysts. Radiology 1972;104:541-4. [ ] 5. Pugatch RD, Braver JH, Robbins AH, Faling LJ. CT diagnosis of pericardial cysts. AJR 1978;131: 515-6. [ ] 6. Juhl JH. Doenças da pleura, mediastino e diafragma. In: Juhl JH, Crummy AB, eds. Paul & Juhl - Interpretação radiológica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1992:778-808. [ ]
* Trabalho realizado no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, RJ. |