MEMÓRIA DA RADIOLOGIA BRASILEIRA
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Autho(rs): Sandro Fenelon, Sidney de Souza Almeida |
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Um momento marcante da história do Instituto foi representado pela visita de Marie Curie e sua filha Irène, em agosto de 1926. No dia 17 de agosto, após longa viagem de trem, vindo do Rio de Janeiro, mãe e filha foram conhecer o Instituto, deixando as respectivas assinaturas no livro de registro de visitas (Figura 2). No dia 18, Marie Curie proferiu, na Faculdade de Medicina, uma conferência sobre a radioatividade e suas aplicações na medicina. O fato demonstra a importância dessa visita, ocasião em que foram fotografadas ao lado de personalidades médicas como Borges da Costa, Carlos Pinheiro Chagas, Baeta Vianna e Adelmo Lodi (Figura 3).
A partir de 1950, o Instituto de Radium passou a chamar-se Instituto Borges da Costa, em homenagem a seu fundador e primeiro diretor. Em 1967, foi incorporado ao patrimônio da UFMG. Dez anos mais tarde, em função da situação precária da construção, o prédio foi desativado e permaneceu de portas fechadas até 1980, quando passou a servir de moradia para estudantes da universidade, até 1998. Atualmente, o edifício está desocupado e a UFMG está empenhada na reforma e restauração desse patrimônio de inestimável valor histórico para a medicina brasileira. O projeto prevê a transformação do prédio num moderno hospital-dia (sem internações), funcionando como um centro para procedimentos médicos e para tratamento de pacientes oncológicos. Breve nota sobre Marie Curie (1867-1934) Nascida na Polônia e casada com Pierre Curie, recebeu por duas vezes o Prêmio Nobel, em reconhecimento a seus estudos sobre a radioatividade. Em 1903, junto com o marido Pierre e com A.H. Becquerel, recebeu o Nobel de Física. Becquerel descobriu, em 1896, a propriedade que certos minerais de urânio possuíam de emitirem raios semelhantes aos raios X. Marie e Pierre Curie descobriram a radioatividade do tório. Em 1898, isolaram o polônio (um novo elemento radioativo, 400 vezes mais poderoso que o urânio) e descobriram, ainda naquele ano, o radium, elemento ainda mais ativo que o polônio. Em 1911, foi condecorada com o Nobel de Química, por suas pesquisas sobre as propriedades do radium e características de seus compostos. A filha, Irène (1897-1956), foi sua assistente no Instituto Radium de Paris.
REFERÊNCIAS 1. Costa EB. Institut de Radium de Bello Horizonte. État de Minas Geraes (Brésil). La Presse Médicale 1923;84:84-5. 2. Salles P. Contribuição para a história da medicina de Belo Horizonte. Rev Ass Med Minas Gerais 1966;17:54-65. 3. Halfeld G. Um pouco da vida de Borges da Costa. Rev Ass Med Minas Gerais 1971;22:169-76. 4. Rocha LOS. M. Curie e o Instituto do Radium. In: Vida e obra de Luigi Bogliolo. Belo Horizonte: Editora Gráfica da Fundação Cultural de Belo Horizonte, 1992. 5. Pinto ACLC. Instituto do Radium de Belo Horizonte. In: A radioterapia no Brasil. Curitiba: Sigla Comunicação Gráfica, 1995.
* Médico Radiologista de Belo Horizonte, MG. ** Médico Radiologista de Americana, SP. |