QUAL O SEU DIAGNÓSTICO?
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Autho(rs): Márcio Martins Machado, Letícia Martins Azeredo, Ana Cláudia Ferreira Rosa, Ilka Regina S. Oliveira, Osmar de Cássio Saito, Giovanni Guido Cerri |
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COMENTÁRIOS As complicações vasculares são uma importante fonte de problemas para os pacientes submetidos a transplante de fígado(1,2). Das possíveis complicações envolvendo a artéria hepática, os pseudo-aneurismas são pouco comuns, sendo encontrados em até 2% dos pacientes transplantados(3,4). Representam importante complicação, podendo levar os pacientes ao óbito, por sangramento para o interior da cavidade abdominal. Inicialmente, deve-se diferenciar os aneurismas da artéria hepática, dos pseudo-aneurismas. Os aneurismas da artéria hepática representam uma dilatação sacular envolvendo todas as camadas da parede arterial. Assim como os pseudo-aneurismas, são encontrados com pouca freqüência. Contudo, correspondem ao quarto aneurisma mais comumente encontrado no abdome, depois da aorta infra-renal, ilíacas e artéria esplênica. Segundo alguns autores, eles também apresentam grande risco de complicações hemorrágicas, tendo sido referida a ocorrência de ruptura, com conseqüente hemoperitônio, hemobilia, hemorragia digestiva, ou mesmo ruptura para a veia porta(5). É referido, também, que em cerca de 80% dos pacientes com aneurismas da artéria hepática podem ocorrer rupturas com sangramentos catastróficos(5). Os pseudo-aneurismas são decorrentes de alterações na parede arterial, adquiridas (habitualmente infecciosas ou inflamatórias), que levam ao abaulamento do vaso, do seu lúmen para o exterior, decorrente da pressão sanguínea arterial, podendo haver escape do sangue. Entretanto, existe o desenvolvimento de uma pseudocápsula que contém o sangramento, formando o pseudo-aneurisma. De outra forma, não teríamos a formação do pseudo-aneurisma, e sim um sangramento ativo para o exterior (por exemplo, a cavidade abdominal). Têm sido relatados pseudo-aneurismas da artéria hepática, decorrentes de pancreatopatias (especialmente pancreatite crônica), da mesma forma que podem ser encontrados pseudo-aneurismas da artéria esplênica relacionados a pancreatite crônica(5). Recentemente, com o advento dos transplantes de fígado, os pseudo-aneurismas da artéria hepática passaram a fazer parte também do espectro das complicações vasculares relacionadas ao transplante. Nos casos de transplante hepático, os pseudo-aneurismas tipicamente se desenvolvem no local da anastomose e comumente se relacionam com a presença de foco infeccioso local. O foco infeccioso atua enfraquecendo a linha de sutura responsável pela anastomose arterial. Alguns desses pacientes podem apresentar ruptura, que mais comumente ocorre no primeiro mês pós-transplante. Nestes casos, ocorrerá sangramento grave, com hipovolemia e choque. Muitos pacientes com pseudo-aneurismas da artéria hepática, pós-transplante de fígado, apresentam-se assintomáticos antes da ruptura. Contudo, cerca de 30% podem referir sinais "sentinelas" que sugiram a presença de sangramento intra-abdominal, como dor ou desconforto abdominal vago(5). O exame ultra-sonográfico identifica prontamente o pseudo-aneurisma. Habitualmente, observa-se estrutura anecóide em relação com a artéria hepática, apresentando fluxo turbilhonado ao exame com Doppler(5). Nos casos de dúvida, utiliza-se a arteriografia para a confirmação diagnóstica.
REFERÊNCIAS 1.Machado MM, Zan ASCN, Oliveira IRS, Cerri GG. Aspectos ultra-sonográficos e anátomo-clínicos das complicações vasculares da artéria hepática e da veia porta no transplante hepático. Radiol Bras 1999;32:223¾7. 2.Rosa ACF, Machado MM, Vieira TDR, Azeredo LM, Secaf RLGM, Cerri GG. Qual o seu diagnóstico? (Trombose da veia porta em fígado transplantado). Radiol Bras 2001;34(5):VII¾IX. 3.Maddrey WC, Sorrell MF. Transplantation of the liver. 2nd ed. Norwalk, Conn.: Appleton & Lange, 1995. 4.Wozney P, Zajko AB, Bron KM, Point S, Starzl TE. Vascular complications after liver transplantation: a 5-year experience. AJR 1986;147:657¾63. 5.Falkoff GE, Taylor KJW, Morse S. Hepatic artery pseudoaneurysm: diagnosis with real-time and pulsed Doppler ultrasound. Radiology 1986;158: 55¾6.
Trabalho realizado no Departamento de Radiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), São Paulo, SP. |