QUAL O SEU DIAGNÓSTICO?
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Autho(rs): Lutero Marques de Oliveira, Lawrence Fabian D. Pupulim, Suzelaine Mesquita, Alessandra Regina da Silva |
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Figuras 2 e 3. O contraste no interior do estômago confirma sua localização e seu deslocamento superior. O material de contraste progride pelo duodeno e jejuno.
Figuras 4 e 5. A coluna de contraste progride alcançando alça com aspecto de intestino delgado pouco dilatado, situada à direita do abdome e terminando em área de constrição na região do epigástrio. A alça representa o íleo terminal deslocado superiormente e o local de constrição está na topografia do forame omental (ou forame de Winslow). Observar, na radiografia em perfil, o deslocamento superior e anterior do estômago.
Figura 6. Todo o contraste penetra na alça dilatada e aí se mantém.
Diagnóstico: Hérnia abdominal interna de ceco e cólon ascendente através do forame de Winslow.
COMENTÁRIOS Por definição, as hérnias abdominais internas constituem-se em protrusões viscerais através de abertura normal (como no caso do forame de Winslow) ou abertura anormal (congênita ou adquirida) localizada dentro dos limites da cavidade peritoneal(1,2). As hérnias internas dividem-se em: a) paraduodenal: representa a maioria (acima de 50%) e pode ser esquerda ou direita; b) pericecal: representa o segundo tipo mais comum (em torno de 13%); c) forame de Winslow: cerca de 8% das hérnias internas; d) intersigmóidea; e) transmesentérica; f) retroanastomótica. O forame de Winslow (ou forame omental) estabelece a comunicação entre a cavidade peritoneal maior e a retrocavidade dos epíplons (ou bolsa omental). Seus limites são representados pelo ligamento hepatoduodenal anteriormente, a veia cava posteriormente, o fígado superiormente e o duodeno inferiormente (Figura 7).
Alguns fatores são considerados predisponentes para o desenvolvimento da hérnia através do forame de Winslow, incluindo: forame mais largo que o habitual, mesentério anormalmente longo possibilitando maior mobilidade de alças, ausência de fixação do cólon na parede posterior do abdome, e lobo hepático direito alongado que direciona o deslocamento das alças em direção ao forame de Winslow(2¾4). Os componentes deste tipo de hérnia geralmente são representados por alças de intestino delgado (60% a 70% das vezes). O ceco e o cólon ascendente são encontrados em aproximadamente 30% dos casos. Em situações mais raras, o cólon transverso e até a vesícula biliar podem fazer parte da hérnia. Os sintomas clínicos variam dentro de um amplo espectro, que vai do assintomático ao abdome agudo oclusivo. A dor abdominal está quase sempre presente, tendo intensidade variável entre os casos. É interessante notar que em alguns casos a flexão do tronco pode diminuir a dor, pois esta posição tende a aumentar o diâmetro do forame omental. A icterícia obstrutiva pode surgir, dependendo do grau de estiramento do ligamento hepatoduodenal(2). O diagnóstico radiográfico deve-se basear, inicialmente, na localização da imagem aérea patológica(2,3). Uma vez estabelecido que o gás anormal situa-se na retrocavidade dos epíplons, o diagnóstico diferencial deve ser realizado entre três afecções: abscesso, úlcera perfurada e hérnia. No caso da hérnia interna, se a alça não se apresentar tão dilatada e for possível identificar pregas intestinais, o diagnóstico pode ser feito prontamente com a radiografia simples. Em casos duvidosos, oligossintomáticos e sem queixas de abdome oclusivo, o exame contrastado de trânsito intestinal pode ser indicado e é confirmatório, pois:
REFERÊNCIAS 1.Evrard V, Vielle G, Buyck A, Merchez M. Herniation through the foramen of Winslow. Report of two cases. Dis Colon Rectum 1996;39:1055¾7. 2.Meyers M. Radiologia dinâmica do abdome. 4ª ed. Rio de Janeiro: Revinter, 1999:505¾35. 3.Tran TL, Pitt PC. Hernia through the foramen of Winslow. A report of two cases with emphasis on plain film interpretation. Clin Radiol 1989;40:264¾6. 4.Chung CC, Leung KL, Lau WY, Li AK. Spontaneous internal herniation through the foramen of Winslow: a case report. Can J Surg 1997;40:64¾5.
Trabalho realizado no Hospital Universitário Evangélico de Curitiba, Curitiba, PR. |