EDITORIAL
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Autho(rs): Márcio Martins Machado, Ana Cláudia Ferreira Rosa, Válney Luiz da Rocha, Edegmar Nunes Costa, Rubens Carneiro dos Santos Júnior |
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A convite do Hospital de Acidentados de Goiânia, em fevereiro de 2002 assumimos (M.M.M. e A.C.F.R.) a Divisão de Radiologia Músculo-Esquelética e de Emergência deste hospital. A idéia era desenvolvermos uma inter-relação mais estreita entre as novas aquisições na área de diagnóstico por imagem em especial a ultra-sonografia (US) e a ressonância magnética (RM) e os achados clínico-cirúrgicos. O hospital, composto por 15 ortopedistas de nossa cidade, muitos dos quais professores do Departamento de Ortopedia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás (FM-UFG), já possuía histórica produção no sentido da correlação entre os achados da radiologia geral e de tomografia computadorizada (TC) com aqueles da clínica e cirurgia. Conseguiam isto por possuírem um arquivo de todos os casos do hospital, inclusive com os exames de imagem, sempre com a participação concomitante das atividades desenvolvidas no Departamento de Ortopedia da FM-UFG. Ademais, assim como no Departamento supracitado, o Hospital de Acidentados de Goiânia é estruturado em grupos, possuindo o grupo da cirurgia do pé, joelho, quadril adulto e infantil, coluna, cotovelo e ombro, o da cirurgia da mão, bem como o da microcirurgia. Este fato corrobora ainda mais a seriedade de estudos advindos deste grupo. Quando do convite, tivemos muita honra em aceitá-lo. Isto não somente pelo aspecto do trabalho como radiologistas, mas pela possibilidade de agregarmos os exames de US e de RM neste processo de inter-relação com a clínica e a cirurgia. Evidentemente, os ortopedistas já realizavam este tipo de correlação há vários anos, mas sem contudo contar com a presença diuturna do radiologista. Com a nossa chegada, introduzimos no Hospital de Acidentados a US músculo-esquelética. Já os exames de RM solicitados pelos ortopedistas deste Hospital são realizados por nós no Serviço de Ressonância Magnética do Instituto de Neurologia de Goiânia, a convite do radiologista Prof. Dr. Rubens Carneiro, diretor do Serviço de Ressonância Magnética deste Instituto. Entendidas estas colocações, é fácil perceber como se desenvolve de maneira fluida o processo de aprendizagem e ensino. O paciente é atendido pelos médicos do hospital e são submetidos aos mais diversos exames (radiografias, TC, US e RM). A maioria destes exames é realizada por nós (M.M.M. e A.C.F.R.), e aqueles que porventura não são, sempre são reavaliados por nós em conjunto com os ortopedistas. Após a análise do quadro clínico e dos exames de imagem, em avaliação multidisciplinar, envolvendo a nossa participação com a dos ortopedistas do hospital, realiza-se o processo de tomada da conduta clínica ou cirúrgica. No caso de decisão cirúrgica, nós (os radiologistas do hospital) ainda temos a felicidade de podermos ir ao centro cirúrgico e verificar os achados intra-operatórios, ampliando sobremaneira a correlação com os resultados dos exames de imagem realizados ou avaliados por nós (em reuniões multidisciplinares, como citado anteriormente). Isto somente é possível pelo fato de um de nós estar sempre presente no hospital. Com relação ao processo de ensino, temos tido a oportunidade de discutir nossas experiências no Departamento de Ortopedia da FM-UFG, mostrando a complexa inter-relação existente entre a formulação da hipótese diagnóstica clínica, a hipótese diagnóstica formulada pelos exames de imagem, e o diagnóstico definitivo dado nos casos comprovados pela cirurgia. No nosso entendimento, somente com muita humildade e com esta obsessiva busca pela correlação clínico-cirúrgica e radiológica poderemos caminhar no sentido do aprimoramento do saber, reconhecendo os erros com dignidade e reafirmando os acertos. Agindo dessa forma, poderemos contribuir no campo da ortopedia e da radiologia músculo-esquelética, com a difusão de ensinamentos baseados em correlações científicas com comprovada confirmação etiológica.
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