Radiologia Brasileira - Publicação Científica Oficial do Colégio Brasileiro de Radiologia

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Idioma/Language: Português Inglês

Vol. 37 nº 6 - Nov. / Dez.  of 2004

RESUMO DE ARTIGO
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Page(s) 436 to 436



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MATERIAIS E MÉTODOS: Foram analisados 44 pacientes com o diagnóstico de pneumonia lipídica entre agosto de 1992 e junho de 1993, entre eles 20 homens e 24 mulheres, com média de idade de 61 anos. Os critérios de inclusão foram: 1) a presença de imagens anormais compatíveis com o diagnóstico de pneumonia lipídica; 2) a presença de lipídios intrapulmonares no exame histológico ou no lavado broncoalveolar; 3) a origem exógena da pneumonia lipídica. Os exames foram avaliados separadamente por um pneumologista e um radiologista.
RESULTADOS: O diagnóstico de pneumonia lipídica foi baseado no lavado broncoalveolar em 18 casos, na histologia ou citologia pulmonar em 16, e na combinação dos dois em dez casos. A origem exógena do material gorduroso foi obtida por história clínica em 36 casos e por identificação formal por cromatografia ou por espectrofotometria em sete casos. A maioria dos casos não foi relacionada à exposição ocupacional. A etiologia mais comumente associada foi a ingestão e posterior broncoaspiração de óleo de parafina para o tratamento de constipação intestinal crônica. Entre as condições facilitadoras do processo estão o refluxo gastroesofágico e doenças psiquiátricas. A duração da exposição foi longa na maior parte dos casos, com uma média de nove anos, embora um caso tenha sido relatado após um mês de tratamento com parafina líquida. Os sintomas mais relacionados foram tosse (64%), dispnéia (50%), febre (39%) e perda de peso (34%). Os achados radiológicos mais comuns foram consolidação alveolar e opacidades com densidade de gordura, predominantemente bilaterais e nos lobos inferiores. As densidades das imagens foram medidas em unidades Hounsfield e por comparação com o tecido celular subcutâneo. O achado de densidade compatível com gordura apresenta um alto valor preditivo positivo para o diagnóstico de pneumonia lipídica. O lavado broncoalveolar foi anormal em 44% dos casos. Trinta dos 44 pacientes tiveram achados histológicos característicos de pneumonia lipídica, sendo feita a complementação diagnóstica em alguns casos, com biópsia transbrônquica e toracotomia. Nos achados histológicos, a lesão predominante foi fibrose (14 casos). O tratamento e o curso clínico foram analisados e houve descontinuação do uso da substância oleosa em 37 casos. O tratamento foi baseado no reparo da condição predisponente para aspiração, na terapia com corticosteróides e na lavagem pulmonar. Em poucos casos de maior gravidade, foi implementada terapia com oxigênio e ressecção cirúrgica das lesões. Os achados clínicos e funcionais no curso da doença foram analisados em 28 casos. Houve 13 casos de melhora, sete tiveram seus quadros estabilizados e seis deterioraram ou apresentaram complicações, como fibrose e infecções recorrentes. Houve duas mortes não relacionadas à pneumonia lipídica. Avaliações radiológicas posteriores foram realizadas em 21 casos e mostraram que em 14% houve desaparecimento completo das lesões, em 29% houve melhora radiológica parcial, em 48% as lesões não se alteraram e em 19% houve piora do padrão radiológico. Dos 32 casos em que a intoxicação foi descontinuada e o curso clínico acompanhado, cinco pacientes pioraram, a despeito do uso de corticosteróides em um caso, enquanto os outros 27 pacientes permaneceram estáveis, melhoraram ou foram curados, com o uso de corticosteróides, lavagem pulmonar e tratamento dos fatores predisponentes.
CONCLUSÃO: A pneumonia lipídica é condição incomum, que resulta da aspiração ou inalação de material gorduroso. A maioria dos casos está relacionada à ingestão e posterior broncoaspiração de parafina líquida para o tratamento de constipação intestinal crônica. Este artigo vem confirmar a tomografia computadorizada do tórax e o lavado broncoalveolar como os grandes métodos diagnósticos dessa doença.


 
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