RESUMO DE TESE
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Rim multicístico displásico em crianças: seguimento ultra-sonográfico
Autor: Antonio Soares Souza. O rim multicístico displásico (RMD) consiste de um aglomerado de cistos de vários tamanhos, sendo a segunda causa mais comum de massa abdominal no recém-nascido, após a hidronefrose. A necessidade de ressecção do RMD tem sido questionada, sendo que o acompanhamento ultra-sonográfico realizado após o diagnóstico tem demonstrado tendência à involução. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a ocorrência de complicações, o comportamento do RMD e do maior cisto em relação ao tamanho no acompanhamento ultra-sonográfico e as alterações do rim contralateral. Foram estudadas 52 crianças com RMD, com idade variando entre 1 e 277 dias (36,7 ± 28,7 dias 44 casos) e 1 e 16,1 anos (7,2 ± 1,9 anos 8 casos). Para análise do RMD considerou-se redução, desaparecimento e aumento abaixo, igual ou acima de 10%. O comportamento do RMD foi estudado com curvas atuariais de Kaplan-Meier, avaliando a probabilidade de redução, desaparecimento ou aumento do RMD em meses de seguimento. O RMD no seguimento ultra-sonográfico apresentou redução em 27 (51,9%) pacientes e desaparecimento em 12 (23,1%), aumento menor que 10% em 9 (17,3%) e aumento acima ou igual a 10% em 4 (7,7%). A curva de Kaplan-Meier mostrou, para o grupo total, probabilidade de 26,2% (erro padrão ± 6,9%) de permanecer livre de qualquer grau de redução ou desaparecimento do rim comprometido, cujo valor atingiu a 70,8% (erro padrão ± 8,1%) para livres de desaparecimento em 48 meses de seguimento. A estimativa para permanecer livre de qualquer grau de aumento do rim afetado foi de 74,7% (erro padrão ± 7,6%) no mesmo período. Foram observadas 22 anormalidades no rim contralateral de 16 (30,1%) pacientes. Entre as 27 crianças submetidas a uretrocistografia miccional ou cistografia direta radioisotópica, 22,2% apresentaram refluxo vesicoureteral. Dentre as outras anormalidades, foram encontradas estenose da junção pieloureteral (7,7%), dilatação não obstrutiva do sistema pielocalicilar (5,8%), rotação incompleta (5,8%), divertículos calicinais (3,8%), dilatação do sistema pielocalicilar e ureter proximal (1,9%), cálculo renal (1,9%) e dilatação do ureter (1,9%). Anomalias associadas foram detectadas em dois pacientes, incluindo mielomeningocele e síndrome de Vater. Em conclusão, não foram encontradas complicações em crianças com RMD no acompanhamento ultra-sonográfico. Constatou-se elevada probabilidade de redução do diâmetro ou desaparecimento do RMD durante seguimento ultra-sonográfico. O diâmetro do maior cisto apresentou comportamento semelhante ao do RMD. O rim contralateral pode apresentar alterações em crianças com RMD, com destaque para o refluxo vesicoureteral e estenose da junção pieloureteral. |