EDITORIAL
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Autho(rs): Felipe Ferreira de Souza, Marcelo Bordalo Rodrigues |
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Paciente do sexo masculino, 18 anos de idade, com queixa de dor no joelho esquerdo há quatro meses, sem história de trauma.
Descrição das imagens Figura 1: Lesão lítica arredondada epifisária proximal da tíbia, de contornos bem definidos e regulares, sem esclerose ao seu redor, notando-se calcificação central grosseira.
Figura 2: Lesão lítica arredondada epifisária proximal da tíbia, de contornos bem definidos e regulares, sem esclerose ao seu redor, notando-se calcificação central grosseira. Observa-se rotura da cortical e extensão articular.
Figura 3: Imagem lítica arredondada epifisária proximal apresentando baixo sinal, margens bem definidas e calcificação no seu interior.
Figura 4: A lesão apresenta intenso edema da medula óssea ao seu redor e alto sinal no seu interior, com a calcificação central apresentando baixo sinal.
Figura 5: A lesão apresenta intenso edema da medula óssea ao seu redor e alto sinal no seu interior, com a calcificação central apresentando baixo sinal. Há espessamento e hipersinal periosteal adjacente. Figuras 6 e 7: A lesão apresenta realce no seu interior, tratando-se de uma matriz sólida. O edema da medula óssea também apresentou realce importante. Também se observa leve realce sinovial, indicando sinovite.
Diagnóstico: Condroblastoma.
COMENTÁRIOS Condroblastoma é um raro tumor cartilaginoso que caracteristicamente se origina na epífise de ossos longos, principalmente em pacientes jovens, representando menos de 1% de todas as neoplasias ósseas(1,2). Esses tumores acometem principalmente pessoas entre 10-30 anos de idade, sendo que há relatos em indivíduos na faixa etária de 3-73 anos (90% ocorrem entre 5-25 anos). A localização mais comum é no membro inferior (72% dos casos), e 50% ocorrem ao redor do joelho. Estudos mostram números semelhantes em casos localizados no fêmur distal, tíbia proximal e úmero proximal (20% cada). O restante origina-se de ossos planos e pequenos ossos tubulares das mãos e dos pés(2). O quadro clínico é bastante inespecífico e inclui dor local, inchaço e rubor muscular. Derrame articular pode estar presente. Os condroblastomas quase sempre se iniciam ou estão centrados na epífise (mais de 95% dos casos). No entanto, de acordo com o aumento da lesão, poderemos ter extensão para a metáfise, observando-se irregularidades endosteais, remodelamento da cortical óssea adjacente e reação periosteal. A reação periosteal, que ocorre em 15-30% das vezes, pode ser sólida ou lamelada, mas nunca de forma agressiva, por exemplo, em raios de sol ou triângulo de Codman(3). Na avaliação por imagem dos condroblastomas, o raio-X demonstra lesão radioluzente ? 40% são uniformemente radioluzentes e 60% apresentam aspecto moteado devido a matriz condróide, calcificações amorfas e septações periféricas ?, ovalada, geográfica, com margens bem delimitadas, localizadas excentricamente nas epífises de ossos longos, principalmente fêmur distal, tíbia proximal e úmero proximal. Tais lesões medem de 1-4 cm de diâmetro, embora haja relatos de lesões com 13 cm(1,2,4). A tomografia computadorizada (TC) demonstra melhor a matriz tumoral, erosões corticais e possíveis extensões do tumor para partes moles, sendo bastante utilizada na avaliação de lesões agressivas e recorrentes. Já a ressonância magnética (RM) fornece informações importantes da localização tumoral, extensão para metáfise e partes moles adjacentes. Os condroblastomas apresentam hipossinal nas imagens ponderadas em T1 e sinal variável nas imagens ponderadas em T2, sendo usualmente observado anel periférico de marcado hipossinal em T2 em todas as seqüências. Centralmente, notam-se focos de hipossinal nas imagens ponderadas em T2, decorrentes da abundante presença de matriz codróide imatura, condroblastos, calcificações e depósito de hemossiderina no interior da lesão. Assim como na TC, a RM pode mostrar nível líquido. A maioria dos condroblastomas está associada a alterações importantes do sinal da medula óssea e de partes moles adjacentes, que, além de edemaciadas, apresentam realce intenso e homogêneo pelo meio de contrate paramagnético(1). Tal realce normalmente é maior que o do próprio tumor, sendo que alguns autores observaram que este aspecto também ocorre em outros tumores benignos com características agressivas, como osteoma osteóide e histiocitose de células de Langerhans. O diagnóstico dos condroblastomas é feito por meio de biópsia cirúrgica, e o tratamento preconizado é a curetagem cirúrgica estendida com a colocação de enxerto ósseo. Há recorrência de cerca de 25%, sendo mais freqüente em pacientes com fise de crescimento aberta, lesões maiores que 3,7 cm e quando localizadas no fêmur proximal e pelve. Dentre os diagnósticos diferenciais destacam-se o condrossarcoma, o granuloma eosinofílico, o tumor de células gigantes e a histiocitose de células de Langerhans(1).
REFERÊNCIAS 1.Ecklund K, Jaramillo D, Buonomo C. Pediatric case of the day. Chondroblastoma. RadioGraphics 1996;16:979-982. 2.Bloem JL, Mulder JD. Chondroblastoma: a clinical and radiological study of 104 cases. Skeletal Radiol 1985;14:1-9. 3.Jee WH, Park YK, McCauley TR, et al. Chondroblastoma: MR characteristics with pathologic correlation. J Comput Assist Tomogr 1999;23: 721-726. 4.Gardner DJ, Azouz EM. Solitary lucent epiphyseal lesions in children. Skeletal Radiol 1988;17: 497-504.
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