ARTIGO DE REVISÃO
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Autho(rs): Edison de Oliveira Freire Filho, Paulo Eduardo Marinho de Jesus, Giuseppe D'Ippolito, Jacob Szejnfeld |
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Descritores: Apendicite, Diverticulite, Abdome agudo, Tomografia computadorizada, Contraste |
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Resumo: IIIProfessor Adjunto do Departamento de Diagnóstico por Imagem da Unifesp/EPM
INTRODUÇÃO O uso da tomografia computadorizada (TC) como método de investigação do abdome representa um aprimoramento significativo no diagnóstico de diversas doenças, com conseqüente impacto nas decisões terapêuticas. Isto tem sido particularmente útil na avaliação do abdome agudo, situação na qual, para o tratamento adequado, são fundamentais a precisão e rapidez diagnósticas, fatores estes potencializados pela introdução das técnicas espiral e com multidetectores e pelo conhecimento acumulado na utilização desta ferramenta diagnóstica. Os bons resultados obtidos com a utilização da TC helicoidal no estudo do paciente com abdome agudo têm permitido difundir o seu uso, apesar do custo elevado e certa morbidade, quando comparado a outros métodos de imagem como a radiografia simples do abdome e a ultra-sonografia (US). A utilização seletiva de contraste intravenoso (IV) em exames de TC do abdome permite reduzir significativamente estes limites do método e aumentar a sua disseminação e a sua utilidade. Inúmeros relatos têm demonstrado a grande utilidade da TC abdominal sem injeção intravenosa de meio de contraste no diagnóstico de diferentes condições abdominais agudas, principalmente na identificação de apendicite aguda, diverticulite e de cálculos ureterais(1-31). É importante observar que apesar de certa controvérsia, o uso da TC de abdome sem contraste IV não exclui a possibilidade da implementação posterior da fase contrastada, sempre que considerada pertinente, garantindo-se assim a plena potencialidade do método. Mais recentemente, o uso da TC sem contraste tem sido proposto como método alternativo à radiografia simples para a avaliação inicial de pacientes com suspeita de abdome agudo, principalmente por sua elevada sensibilidade e especificidade, aliada à sua rapidez e crescente disponibilidade(32). O objetivo deste trabalho é apresentar uma revisão das aplicações da TC abdominal sem contraste IV, com ênfase na TC helicoidal (ou espiral), suas vantagens e limitações, relacionando as características tomográficas nas principais doenças nas quais essa técnica é utilizada.
TÉCNICA Os esforços realizados na tentativa de investigar anormalidades abdominais agudas utilizando-se TC sem a administração intravenosa de meio de contraste iniciaram-se com Malone et al.(5) em 1993, no estudo da apendicite aguda, e Smith et al.(17) em 1995, na avaliação de pacientes com dor lombar aguda. Posteriormente, esses estudos foram reproduzidos por outros autores, com resultados semelhantes(4,7,9-12,18,19,26,31,33-36) . Nesses estudos subseqüentes, os protocolos aplicados foram de certa forma homogêneos. Nos exames tomográficos com técnica espiral, os seguintes parâmetros foram usados: não utilização do meio de contraste IV ou via oral (VO); colimação de 5 mm com intervalos de reconstruções de 5 mm e "pitch" variando de 1,0 a 1,6(4,7,10-12,18,19,26,31,33,34,36). Variações nos protocolos foram observadas no estudo de Smith et al.(18), que utilizou técnica convencional em parte dos pacientes e realizou reconstruções com 2 mm de incremento nos exames com técnica espiral; no estudo de D'Ippolito et al.(3), cujos exames foram realizados com técnica convencional com cortes contíguos de 8 a 10 mm de espessura; no trabalho de Rao et al.(7), que administrou contraste por via retal (VR) para avaliação de pacientes com suspeita de apendicite aguda; e no trabalho de Sommer et al.(19), que avaliou a utilidade de reconstruções coronais oblíquas e de reformatações multiplanares dos ureteres para avaliar a presença de cálculos. As vantagens da utilização da técnica espiral incluem: curto tempo de exame; a possibilidade da aquisição das imagens em uma única apnéia, eliminando artefatos respiratórios e de movimento, bem como efeitos de volume parcial, o que reduz o risco potencial de não visualização de estruturas como o apêndice cecal ou cálculos ureterais; e a capacidade de gerar imagens reformatadas de alta qualidade(37). As vantagens potenciais de não utilizar meio de contraste incluem a possibilidade de realizar o exame imediatamente, sem a necessidade de qualquer preparo oral ou jejum, a eliminação dos riscos de reações adversas ao meio de contraste IV e a redução de custos(4). As principais limitações estão relacionadas à incapacidade de se avaliar a função renal, a integridade de órgãos parenquimatosos e estruturas vasculares, e o elevado custo da TC quando comparado com exames alternativos como US e urografia excretora(16). De forma geral, apesar de ainda não comprovado, nota-se a necessidade de uma curva de aprendizado mais longa para a interpretação de exames sem contraste. Deve-se considerar, entretanto, a capacidade potencial da TC em detectar as diferentes anormalidades que podem resultar em dor abdominal aguda, sendo freqüentemente o único método necessário na maioria desses casos(18,38). Isto se deve ao elevado poder da TC na descriminação entre tecidos com densidade de partes moles, o que permite excelente avaliação dos órgãos e estruturas intracavitárias, com uma visão panorâmica(3), e fornecendo diagnósticos alternativos (Figuras 1 e 2).
De maneira geral, podemos dizer que os exames tomográficos sem contraste IV ou VO em pacientes com suspeita clínica de abdome agudo dividem-se em duas categorias: 1) com contraste VR, indicado na suspeita de apendicite, diverticulite aguda, apendicite epiplóica e obstrução intestinal baixa; 2) sem contraste VR, indicado na suspeita de urolitíase, abdome agudo perfurativo e obstrução intestinal alta. Os exames são realizados preferencialmente com técnica espiral (e mais recentemente com equipamentos "multi-slice"), com cortes contíguos com 5 a 7 mm de espessura, "pitch" selecionado para obter todos os cortes em uma única apnéia (variando geralmente entre 1,5 e 2), estendendo-se os cortes da cúpula diafragmática até a sínfise púbica. Quando indicado, o contraste VR é introduzido antes do início do exame, com volume que varia entre 500 e 1.000 ml (dependendo da aceitação do paciente) e com diluição de 5% a 10%. Em casos de dúvida, é recomendável realizar cortes mais finos (2-3 mm de espessura) nas áreas suspeitas. Imagens complementares obtidas em decúbito ventral e lateral podem ser úteis no diagnóstico diferencial de cálculo no ureter distal e vesical, bem como para diagnosticar pneumatose intestinal (Figuras 3 e 4).
APLICAÇÕES Até o presente momento, a literatura tem indicado a possibilidade de aplicação da TC sem contraste IV na avaliação da apendicite aguda(2-5,7-15,39), na detecção de cálculos ureterais e anormalidades não urinárias ocasionando dor lombar aguda(15-23,25-30,36), na diverticulite aguda(14,15,31,33,40,41), no estudo da obstrução intestinal(42-44), da pancreatite aguda(45-49), da apendicite epiplóica(50,51) e na detecção de pneumoperitônio(6). A elevada acurácia diagnóstica da TC sem contraste IV apresentada em alguns estudos, associada às vantagens da utilização desta técnica justificam a sua aplicação no abdome agudo, seja como exame inicial, complementar ou mesmo como único exame necessário(6). No entanto, as indicações da TC sem contraste IV no abdome agudo têm sido objeto de ampla discussão. Alguns autores advogam o seu uso em detrimento à avaliação inicial por radiografia simples(4,18,19). Por outro lado, o elevado custo do exame tomográfico, juntamente com as incertezas em relação aos benefícios de substituir uma técnica tradicional (por exemplo, a radiografia) por esta nova modalidade diagnóstica, têm justificado a cautela na mudança de rotinas e motivado algumas posições divergentes(1,6).
APENDICITE AGUDA Apendicite é um diagnóstico freqüente nos pacientes que procuram os serviços de emergência com dor no quadrante inferior direito do abdome, constituindo a causa mais comum de abdome agudo(52). O diagnóstico geralmente baseia-se nos dados da história, exame físico e testes laboratoriais. Entretanto, até um terço dos pacientes com suspeita de apendicite apresenta quadro clínico e laboratorial atípico(43,53), situação na qual os exames de imagem podem ser imperativos. O exame ultra-sonográfico tem sido amplamente utilizado no diagnóstico de apendicite aguda, em virtude do seu baixo custo, da sua grande disponibilidade e por ser inócuo, apresentando sensibilidade e especificidade que variam de 75% a 93% e de 91% a 100%, respectivamente(3,54). Todavia, trata-se de um método operador-dependente, que requer alta capacitação e experiência do examinador, devendo-se salientar ainda a dificuldade do exame em pacientes obesos ou com dor abdominal intensa e naqueles com apêndice retrocecal, quando não é possível implementar a técnica de compressão dosada do apêndice, considerada ideal para otimizar os resultados da US(4,14). Em 1991, Balthazar et al.(55) estudaram, prospectivamente, os exames de TC com contraste IV e VO de 100 pacientes com suspeita de apendicite aguda, encontrando 98% de sensibilidade, 83% de especificidade e 93% de acurácia no diagnóstico de apendicite. Valores semelhantes foram observados nos relatos de Malone et al.(5) em 1993 e D'Ippolito et al.(3) em 1998, utilizando técnica convencional (não espiral) com cortes contíguos de 8 a 10 mm. Mais recentemente, outros autores, como Lane et al. em 1997(4) e em 1999(10) e Ege et al.(12) em 2002, usando técnica espiral, colimação de 5 mm e "pitch" de 1,6, sem o uso de meio de contraste IV, VO ou VR, demonstraram sensibilidade de 90%, 96% e 96%, especificidade de 97%, 99% e 98% e acurácia de 94%, 97% e 97%, respectivamente. Segundo Rao et al.(7,14), a eficácia deste método pode ser otimizada através da utilização de meio de contraste VR, aumentando a sua sensibilidade na detecção de apendicite. Esses autores obtiveram valores de sensibilidade, especificidade e acurácia de 98%. Mullins et al.(11), utilizando esta técnica em crianças, observaram sensibilidade de 97%, especificidade de 99% e acurácia de 96%. A TC espiral limitada à transição abdômino-pélvica tem apresentado alta acurácia, reduzindo a apenas um terço a radiação utilizada em exames do abdome completo(7,11,14,56). A contrastação entérica por VO tem sido utilizada em alguns trabalhos(9,14,56), porém promove retardo de pelo menos 30 minutos para a realização do exame(8,14). Também foi demonstrado que o contraste ingerido com uma hora de antecedência alcança o ceco em apenas 50% dos casos, não sendo útil em parcela considerável de pacientes com suspeita de apendicite aguda(35,57). O primeiro critério estabelecido por Malone et al.(5) para o diagnóstico de apendicite na TC sem contraste foi o espessamento apendicular superior a 6 mm, com alterações inflamatórias periapendiculares associadas. As presenças de apendicólito e inflamação periapendicular isoladas foram consideradas achados secundários. O espessamento da fáscia látero-conal foi achado comum e a presença do apendicólito foi considerada muito útil, devendo, contudo, estar associada a alterações inflamatórias do apêndice e planos adiposos pericecoapendiculares(4), para ser valorizada (Figura 5). Outros trabalhos mostraram que o apêndice pode ser considerado normal até 8 mm de espessura e que mesmo apêndices mais espessos foram encontrados em pacientes normais e assintomáticos(3,35) (Figura 6).
Por outro lado, a ausência de gordura intra-abdominal, bem como a localização pélvica do ceco, demonstraram ser fatores limitantes na interpretação de alguns exames de TC sem contraste(4,5,11). Os diversos estudos que avaliaram o papel da TC sem contraste IV na apendicite aguda mostraram elevada eficácia(3-5,7-12,14). O exame é bem tolerado mesmo por pacientes muito debilitados, relativamente livre de riscos e não é operador-dependente(5). Foi demonstrado que o uso rotineiro dessa técnica pode reduzir custos hospitalares e ainda melhorar a assistência ao paciente, devido ao aprimoramento da acurácia diagnóstica pré-operatória, reduzindo consideravelmente o número de laparotomias "brancas"(8,14,38,39).
CÁLCULOS URETERAIS Diversas anormalidades podem se manifestar clinicamente como dor lombar aguda. Quando esta se localiza preferencialmente nos flancos, deve-se considerar a possibilidade de ureterolitíase, diagnóstico este que às vezes não pode ser feito apenas com base na história clínica, exame físico e estudos laboratoriais(34). Por aproximadamente 70 anos a urografia excretora foi o método de imagem de escolha para o diagnóstico de ureterolitíase, porém, nos últimos anos, a TC sem contraste com cortes finos e técnica espiral tem ocupado o seu lugar(21-24,34). Os estudos com a utilização desta técnica iniciaram-se em 1995 com Smith et al.(17) e motivaram trabalhos posteriores, que obtiveram resultados semelhantes e animadores(18,19,22,23,25,26,34). O diagnóstico tomográfico de litíase ureteral é feito através de sinais diretos, quando se identifica densidade cálcica no interior da luz ureteral ou dentro da bexiga, ou por sinais secundários e indiretos. Os sinais indiretos, em ordem de freqüência, incluem hidroureter, hidronefrose, estriações na gordura perirrenal, aumento do tamanho renal homolateral, parede ureteral visível ao redor do cálculo (sinal do halo) e heterogeneidade periureteral adjacente ao cálculo(27,34,36) (Figura 7). Alguns desses sinais secundários podem estar presentes em alguns pacientes sem doença por cálculo ureteral(36), estar ausentes precocemente e tornar-se mais acentuados com o passar do tempo(20). Outros achados secundários mais recentemente descritos são a ausência unilateral da pirâmide medular hiperdensa(27) e a redução da atenuação do parênquima renal agudamente obstruído, em comparação com o rim contralateral(28) (Figura 7B).
A identificação do cálculo com base na densidade não representa dificuldade. Virtualmente, todos os cálculos apresentam-se radiopacos na TC, mesmo os de ácido úrico, que têm densidade variando entre 300 e 400 UH(19). As únicas exceções são os cálculos gerados pela deposição de inibidores de protease (Indinavir), que devem ser considerados em pacientes em tratamento para HIV e com sinais obstrutivos indiretos do sistema coletor renal(20,27). Quando a ureterolitíase está presente, a TC pode determinar precisamente o tamanho e a localização do cálculo. Estas características são utilizadas para avaliar a chance de passagem espontânea e permitem orientar a terapêutica intervencionista(18). Hubner et al.(58) demonstraram eliminação espontânea de 38% dos cálculos menores que 4 mm, comparado com apenas 1,2% dos maiores que 6 mm. Quanto à sua localização nos terços distal, médio e proximal do ureter, esses autores observaram freqüência de eliminação espontânea de 45%, 22% e 12%, respectivamente. Estudos realizados desde Smith et al.(17) em 1995 obtiveram valores preditivos negativos (VPN) de 91% a 100%, valores preditivos positivos (VPP) de 96% a 100%, sensibilidades de 95% a 100% e especificidades de 92% a 100% para a detecção de cálculos ureterais pela TC espiral sem contraste(23), com excelente reprodutibilidade, independentemente do grau de experiência do radiologista(25,34). Em virtude do seu elevado VPN, a TC sem contraste pode excluir com segurança a possibilidade de cálculo ureteral e determinar a existência de causas extra-urinárias não suspeitadas de dor abdominal aguda, que incluem apendicite, diverticulite (Figura 1), torção de massa pélvica, aneurisma roto de aorta abdominal, pancreatite, apendicite epiplóica, entre outras menos freqüentes. Além disso, pode demonstrar obstrução ureteral de causa extra-urinária, como na presença de massas retroperitoneais(29). A maior dificuldade da TC sem contraste parece estar na diferenciação entre cálculo ureteral e flebólito. No entanto, é possível diferenciá-los na maioria dos casos utilizando-se como parâmetro a presença de um fino anel ao redor do cálculo, correspondendo à parede ureteral (sinal do halo) (Figura 7A). Outra maneira descrita é definindo se a calcificação encontra-se realmente no trajeto do ureter, acompanhando-o nos cortes tomográficos superiores desde a junção ureteropiélica e nos cortes tomográficos inferiores até a junção ureterovesical(27,36). Esta definição pode ser facilitada pela obtenção de reconstruções multiplanares (Figuras 7C e 7D). Mesmo assim, em alguns casos não é possível distinguir essas duas calcificações. O diagnóstico também é dificultado em pacientes com pouca gordura retroperitoneal e naqueles sem hidronefrose ou hidroureter. No sentindo de evitar falso-positivos nesses pacientes, todas as calcificações na região do ureter distal devem ser consideradas passíveis de serem cálculos ureterais, e a urografia excretora ou a TC com contraste IV podem ser necessárias em casos selecionados(36). Uma vez que já está estabelecido que a TC sem contraste tem alta eficácia e reprodutibilidade na avaliação de cálculos ureterais, apresenta baixo risco pela não utilização do contraste IV e é de rápida execução, a literatura vem discutindo a sua posição ideal no algoritmo da investigação desta entidade. As principais discussões são em relação à dose de radiação utilizada(22,24,30), se a TC deveria ser empregada como exame primário, antes mesmo da US e da radiografia simples do abdome(22), e o seu verdadeiro impacto em relação aos custos e ao manejo dos pacientes(24). A dose de radiação do estudo tomográfico do abdome para investigação de ureterolitíase é cerca de duas a três vezes maior que a utilizada em uma urografia excretora(23,24). Hamm et al.(23) avaliaram a TC espiral sem contraste com baixa dose de radiação (redução de 50% a 65% da dose de exposição), observando sensibilidade de 96%, especificidade de 97%, valores preditivos negativo e positivo de 90% e 99%, respectivamente, valores semelhantes aos descritos na literatura com a TC espiral com dose de radiação convencional. Sugerem que esta seria a técnica de escolha, com exceção para os pacientes obesos. Gottlieb et al.(24) concluem, em seu trabalho publicado em 2002, que o uso dos métodos de imagem em pacientes com suspeita de ureterolitíase vem aumentando significativamente desde a introdução da TC sem contraste, com poucos efeitos sobre os cuidados com os pacientes nos departamentos de emergência. Comparando os períodos antes e após a introdução deste método, observaram taxas semelhantes no percentual de admissões após a primeira consulta, no percentual de retorno ao serviço de emergência e de admissões hospitalares dentro do primeiro mês após a primeira visita, e no tempo de permanência no departamento de serviço de emergência.
DIVERTICULITE AGUDA A diverticulite aguda é a complicação mais comum da doença diverticular dos cólons, ocorrendo em 10% a 20% dos pacientes com moléstia diverticular conhecida(59). O diagnóstico clínico da diverticulite é comumente duvidoso, com relatos de 34% a 67% de erros no seu diagnóstico em pacientes de todas as faixas etárias(14,31). Muitos autores recomendam exames radiológicos precoces de rotina em todos os pacientes com suspeita clínica de diverticulite, devido a essas altas taxas de erro diagnóstico e às suas importantes complicações pré e pós-operatórias(31,33). As radiografias simples só são diagnósticas nos casos muito graves com perfuração intestinal, quando podem ser observados pneumoperitônio ou coleção gasosa pélvica extraluminal(1,60). Historicamente, pacientes com suspeita clínica de diverticulite têm sido avaliados através de enema opaco. Os achados deste exame incluem identificação de divertículos, hipertrofia da parede muscular, efeito de massa intramural ou extramural sobre a coluna de contraste, obstrução cólica, espasmo cólico e extravasamento intramural ou peritoneal do meio de contraste(14,15). Apesar de ser método bastante sensível e de baixa morbidade quando se utiliza contraste iodado hidrossolúvel, o enema opaco apresenta como principal limitação uma baixa especificidade, não permite avaliar a extensão extracólica da doença e não fornece diagnósticos alternativos(1,14,15,31,33) (Figuras 8, 9, 10 e 11).
A TC espiral aprimorou dramaticamente o diagnóstico e o manuseio do paciente com diverticulite aguda, substituindo o enema opaco na maioria dos serviços. Este método avalia tanto o componente intramural do processo inflamatório quanto a sua extensão intra e retroperitoneal, permitindo estadiar a doença e assim planejar o tratamento(14,15,31,33). Achados tomográficos da TC na diverticulite incluem espessamento inflamatório da parede intestinal (maior que 5 mm, com a distensão luminal adequada), densificação da gordura pericólica, bolhas de ar extraluminais, presença de abscessos e líquido livre (Figuras 1, 8, 9 e 12). O extravasamento de contraste também pode ser observado(14,15,31,33) (Figura 1C). Segundo Kircher et al.(33), os dois sinais mais freqüentes na diverticulite são espessamento parietal (96%) e densificação da gordura pericólica (95%). Sinais menos freqüentes, porém altamente específicos, são espessamentos das fáscias retroperitoneais (50%), líquido livre (45%), divertículo inflamado (43%) e líquido na raiz do mesocólon.
A TC sem contraste IV e com contraste VR tem-se tornado o método de escolha para a avaliação da diverticulite(14,15,31), com relatos de até 97% de sensibilidade, 100% de especificidade e 99% de acurácia, observados por Rao et al.(31) em 1998. A distensão cólica pelo contraste VR permite a distinção entre espessamento parietal verdadeiro e espessamento parietal aparente causado pela alça não distendida, e identificação e distinção de ar e coleções líquidas (abscessos) entre intraluminal e extraluminal. O contraste administrado VO não permite avaliação do espessamento parietal cólico, pois este fica parcialmente distendido, além de retardar o exame em pelo menos duas horas. Mesmo após duas horas de preparo, em até 50% dos casos o contraste não alcança o cólon(35). O contraste IV aumenta os custos e os riscos, sem adicionar significativamente novas informações(14,33). É importante observar, no entanto, que o diagnóstico diferencial com câncer de sigmóide pode ser bastante difícil, sendo necessário, em casos de dúvida, realizar a fase contrastada ou enema opaco e colonoscopia, para diferenciar essas duas doenças(61).
PANCREATITE AGUDA O diagnóstico da pancreatite aguda é geralmente baseado nos sintomas clínicos e na elevação acima de três vezes do valor normal dos níveis séricos de amilase e lipase(45,48). Os níveis de amilase e lipase podem ser normais em cerca de 10% dos pacientes com pancreatite aguda(57). No diagnóstico diferencial encontramos isquemia ou infarto mesentérico, úlcera gástrica ou duodenal perfurada, cólica biliar, entre outros(48). Exames de imagem são realizados por várias razões, incluindo a detecção de cálculos biliares, detecção de obstrução biliar, diagnóstico de pancreatite quando a situação clínica não está clara, identificação de pacientes de alto risco e detecção de suas complicações(62). US deve ser realizada em todo paciente com pancreatite aguda para detectar cálculos na vesícula biliar ou no colédoco, mesmo nos consumidores de álcool. Este método é mais limitado no diagnóstico da coledocolitíase distal e para visualizar o pâncreas e a região peripancreática, devido à ausência de janela acústica pela interposição gasosa(62). A TC é método pouco sensível para detectar cálculos biliares, mas é excelente para delinear o pâncreas e as anormalidades e complicações associadas à pancreatite aguda(62). Uma vez estabelecido o diagnóstico da pancreatite aguda, a intensidade, duração e o tipo de tratamento dependem da definição precoce da gravidade da doença. Essa definição, baseada em parâmetros objetivos, é crucial para predizer complicações clínicas e identificar ataques potencialmente fatais(47,63). Em 1985, Balthazar et al.(63) criaram um sistema de graduação de gravidade de pancreatite aguda, com base em alterações inflamatórias peripancreáticas e da morfologia do pâncreas, observadas à TC (índice morfológico). Em 1990(64), esse mesmo grupo demonstrou, através da TC com injeção dinâmica de contraste IV, haver correlação entre a presença e a extensão de necrose pancreática com o prognóstico da pancreatite aguda. Com a associação dos critérios descritos em 1985 e a avaliação da necrose pancreática, foi criado o índice de gravidade da TC para pancreatite aguda (ISTC) (Figura 13).
Vários autores e consensos internacionais concordam que a presença e a extensão da necrose pancreática são os indicadores mais importantes da gravidade da pancreatite aguda(47,48,57,64-67). Por outro lado, seu papel tem sido questionado por outros autores(46,48,68,69), que destacam o valor das alterações inflamatórias pancreáticas e peripancreáticas no estadiamento da pancreatite aguda(46,48,68). Em artigo de revisão recente, Balthazar(47) afirmou que a necrose pancreática desenvolve-se dentro das primeiras 24-48 horas do início dos sintomas clínicos, que estudos tomográficos realizados precocemente mostram achados equívocos relacionados à isquemia da glândula, que exames realizados após três dias têm maior acurácia diagnóstica, e conclui que, para o estadiamento da pancreatite aguda, a TC somente deveria ser realizada após 48-72 horas do início do quadro clínico. Esta conduta levaria a um retardo no estadiamento da pancreatite aguda. A TC sem contraste IV tem sido citada na avaliação de alterações peripancreáticas e da morfologia pancreática como alternativa para estratificação da gravidade da pancreatite aguda(45,46,48,49). Schröder et al.(45) propõem que a TC sem contraste seria suficiente para avaliação de alterações extrapancreáticas na definição de seu escore. De Sanctis et al.(46), após definirem no seu estudo que as coleções inflamatórias peripancreáticas aparentam ter maior valor prognóstico que a necrose pancreática, concluem que a TC sem contraste seria adequada para definir complicações locais e guiar intervenções na maioria dos casos. Mais recentemente, Balthazar(47), ao dissertar sobre o índice morfológico criado por seu grupo em 1985(63), afirma que para sua obtenção não é necessária a utilização do meio de contraste IV (Figuras 13 e 14).
Dois estudos avaliaram a capacidade da TC sem contraste em graduar a pancreatite aguda(48,49). Nenhum dos dois utilizou tomógrafo helicoidal ou com multidetectores. Maier(49) demonstrou, em 90 pacientes, correlação estatisticamente significante entre o infiltrado inflamatório extrapancreático e o volume da glândula, avaliados pela TC sem contraste, com a gravidade da pancreatite aguda. Elias Júnior(48), em sua tese de doutorado, comparou retrospectivamente os achados da TC sem contraste com os achados da TC com contraste, bem como com a evolução de 95 pacientes com pancreatite aguda. Demonstrou correlação positiva e estatisticamente significante entre o índice morfológico de Balthazar(63), calculado pela TC sem contraste, com a taxa de mortalidade, tempo de jejum, bem como com o ISTC(64) e o grau de necrose demonstrados pela TC com contraste. Efeitos deletérios diretos do contraste iodado IV sobre o pâncreas em pacientes com pancreatite aguda têm sido apontados por alguns autores em estudos experimentais(70,71) e em humanos(72). Somando-se aos outros efeitos deletérios desta substância já bem conhecidos (nefrotoxicidade, potencial alérgico, e outros), além da preocupação com a redução de custos, tempo do exame, com a dose de radiação em exames seriados muitas vezes necessários, o questionamento do papel da necrose pancreática no estadiamento da pancreatite aguda e o retardo de 48-72 horas para sua avaliação acurada, tem-se proposto o uso da TC sem contraste IV na avaliação de alterações peripancreáticas e da morfologia pancreática como alternativa para estratificação da gravidade da pancreatite aguda(45,46,48), principalmente levando-se em conta que os tomógrafos modernos helicoidais e com multidetectores, ainda não avaliados para este fim na literatura, têm melhor qualidade de imagem que os aparelhos convencionais(48).
APENDICITE EPIPLÓICA PRIMÁRIA A apendicite epiplóica é um processo inflamatório intra-abdominal infreqüente, atribuído a torção ou trombose venosa espontânea de um apêndice epiplóico, com conseqüente infarto isquêmico e inflamação(50). A apresentação clínica é de dor abdominal focal aguda, sem quaisquer outras queixas ou sinais clínicos, sendo difícil a sua diferenciação de apendicite, diverticulite ou de outros processos abdômino-pélvicos agudos. Na maioria dos casos a TC apresenta achados patognomônicos, caracterizados por lesão ovalada pericólica (com diâmetro entre 1 e 4 cm), com densidade de gordura (mais densa que a gordura não envolvida), espessamento do peritônio visceral e estriações densas na gordura adjacente ao apêndice inflamado(51). Achados tomográficos adicionais incluem um ponto central hiperatenuante e espessamento do peritônio parietal adjacente, bem como efeito de massa, espessamento de parede do cólon adjacente ou ambos(50) (Figuras 2, 10 e 11). Esses achados são prontamente reconhecidos na TC espiral sem contraste IV, tendo sido esta técnica utilizada no estudo evolutivo realizado por Rao et al.(50). A identificação dessa anormalidade, que é autolimitada e benigna, evita intervenções cirúrgicas desnecessárias, o que justifica os esforços para a sua caracterização por meio da TC.
PNEUMOPERITÔNIO A demonstração de pneumoperitônio em um paciente apresentando dor abdominal aguda constitui tarefa de grande importância. Em mais de 90% dos casos a causa do pneumoperitônio necessitará de abordagem cirúrgica de emergência(73). A radiografia simples é muito sensível na detecção de ar livre intracavitário, contudo, a TC é claramente superior, especialmente em pacientes muito debilitados ou obesos, incapazes de cooperar com o exame radiográfico simples(6). Entretanto, é defendida a idéia de que a superioridade da TC sobre a radiografia simples não é suficiente para justificar o abandono desta última, e que a menor detecção de pneumoperitônio pela radiografia é mais em função de negligência técnica do que de limitação física intrínseca do método(1). A despeito dessas considerações, em pacientes com coleções gasosas loculadas ou que foram submetidos a cirurgia, a radiografia é menos sensível, e ainda a TC é superior na detecção de ar extraluminal na parede intestinal ou no interior dos sistemas venosos mesentérico ou portal(6). Para isto, não é necessária a utilização de contraste IV, como é facilmente compreensível (Figuras 8, 9 e 15).
É importante observar que a TC permite identificar o local e a causa da perfuração em apenas um terço dos casos, não devendo ser este o foco das nossas atenções(74).
OBSTRUÇÃO INTESTINAL A obstrução intestinal é responsável por aproximadamente 20% dos casos de abdome agudo(2). Existem controvérsias consideráveis sobre a melhor abordagem para a avaliação desses casos. Foi demonstrado que a radiografia simples(75) ou a contrastada(76) e a TC apresentam sensibilidade, especificidade e acurácia similares na identificação dos vários graus de obstrução. Entretanto, a TC mostrou ser o método mais rápido(76) e mais eficaz na identificação da causa da obstrução, apresentando menor sensibilidade nos casos de baixo grau ou obstrução intermitente, nos quais a enteróclise apresenta bons resultados(77). Ahn et al.(60) demonstraram maior sensibilidade da TC em relação à radiografia simples na identificação da obstrução intestinal (75% X 49%), porém, com especificidade e acurácia semelhantes (99% X 98% e 98% X 96%, respectivamente). No entanto, é importante observar que esses resultados podem ter sido decorrentes de um número muito reduzido de pacientes com obstrução intestinal comprovada (n = 3). O exame tomográfico sem contrate VO pode ser realizado em grande parte dos pacientes com obstrução intestinal, nos quais há acúmulo de líquido intraluminal. A presença desse líquido funciona como um contraste natural, e assim o exame pode ser realizado imediatamente, evitando o atraso do preparo VO. Os sinais tomográficos de obstrução intestinal são a dilatação das alças de delgado, com calibre superior a 2,5 cm, nível hidro-aéreo no seu interior e desproporção com segmento de alça distal com calibre normal indicando o nível da obstrução(77) (Figura 16). A utilização destes sinais prescinde de contraste IV e VO. O uso de meio de contraste IV não foi discutido na literatura, e alguns autores que advogam o uso da TC utilizaram-no em seus trabalhos em virtualmente todos os pacientes(44,77).
Diante dessas controvérsias, e considerando-se o fato de o exame radiográfico simples permitir o diagnóstico em grande número dos casos(75), parece prematura a preconização da TC sem contraste IV como método de avaliação inicial na obstrução intestinal. Essa possibilidade não pode, contudo, ser descartada, e o seu uso racional merece espaço na propedêutica radiológica atual, principalmente substituindo progressivamente o uso do trânsito intestinal, neste grupo de pacientes.
INFARTO OMENTAL Um dos diagnósticos diferenciais de apendicite e diverticulite aguda é o infarto omental segmentar, pois, conforme a sua localização, apresenta sintomas semelhantes aos daquelas entidades(78,79). O infarto omental segmentar ocorre por suprimento vascular inadequado de uma pequena porção do omento, geralmente localizada entre o cólon descendente ou ascendente e o peritônio(79). Na TC é possível identificar uma área fusiforme ou ovóide hiperdensa em relação à gordura mesenterial normal e apresentando algumas estrias densas de permeio e alterações inflamatórias (Figura 17). O cólon subjacente pode apresentar sinais de compressão extrínseca ou mostrar aspecto normal(79,80).
A identificação dos sinais tomográficos supramencionados não é dependente da injeção IV de contraste, o que sugere que o diagnóstico de infarto omental seja possível através da TC sem contraste.
CONCLUSÃO O termo abdome agudo possui um sentido amplo, englobando entidades distintas, sejam funcionais ou morfológicas, que requerem atenção clínica ou cirúrgica imediata. A dor abdominal aguda está entre os três sintomas mais comuns em pacientes admitidos em serviços de emergência e hospitais(78). Mindelzun et al.(6) indicaram, a partir de dados de revisão obtidos pelo Comitê de Pesquisa da Organização Mundial de Gastroenterologia, que cerca de dois terços dos pacientes com dor abdominal aguda possuem uma anormalidade que pode ser identificada por intermédio de estudos de imagem. A abordagem tradicional através de estudos radiológicos simples, contrastados ou da US ainda é predominante. Entretanto, a introdução da TC espiral sem contraste tem aos poucos modificado essa conduta, pois combina a rapidez do exame radiológico simples com alta resolução espacial e contraste entre partes moles. A sua utilização apresenta grande impacto na determinação da causa e na orientação terapêutica do paciente com dor abdominal aguda, principalmente naqueles com forte suspeita clínica(78). A qualidade das imagens obtidas através da TC sem contraste é inquestionavelmente melhor quando comparada à radiografia simples, e a literatura tem indicado, com poucas ressalvas, ganhos diagnósticos significativos que justificam a sua utilização, com destaque na suspeita de apendicite aguda, cólica nefrética e diverticulite. Permanecem, contudo, em discussão, as questões sobre a disponibilidade de equipamentos e pessoal capacitado, bem como sobre os custos operacionais envolvidos, para que se proceda a uma adequação progressiva, racional e fundamentada dos algoritmos diagnósticos vigentes.
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Endereço para correspondência: Recebido para publicação em 24/6/2004. Aceito, após revisão, em 13/8/2004.
* Trabalho realizado no Departamento de Diagnóstico por Imagem da Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina (Unifesp/EPM), São Paulo, SP. |