Radiologia Brasileira - Publicação Científica Oficial do Colégio Brasileiro de Radiologia

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Idioma/Language: Português Inglês

Vol. 41 nº 5 - Set. / Out.  of 2008

EDITORIAL
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Page(s) VI to VI



Controvérsias da técnica de detecção do linfonodo sentinela com manipulação cirúrgica prévia do tecido mamário

Autho(rs): Carlos Alberto Buchpiguel

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Muitos autores aceitam a teoria da drenagem linfática dos diferentes quadrantes para a aréola e desta para a axila. Portanto, postula-se que, ao se retirar parte do tecido mamário, a rede de linfáticos se refaz a ponto de manter a drenagem para a aréola e desta para a axila. Por isso que, atualmente, não se considera contra-indicado o procedimento de detecção do linfonodo sentinela pós-mamotomia ou procedimentos minimamente invasivos da mama. Contudo, é importante referir que a maioria dos dados de seguimento clínico a longo prazo de pacientes submetidos à técnica de localização do linfonodo sentinela, com o objetivo de demonstrar que não há impacto prognóstico negativo com o emprego deste tipo de estratégia, baseia-se em casos clássicos, ou seja, sem manipulação cirúrgica prévia das mamas.

Porém, mais indefinido ainda é o impacto na localização do linfonodo sentinela quando a axila é também manipulada previamente, como o que ocorre com a mamoplastia de aumento por via transaxilar. Isto é mais relevante se considerarmos o aumento significativo no número de mamoplastias realizadas com objetivo estético nos últimos anos, e principalmente por via transaxilar, que possibilita ocultar cicatrizes na própria mama manipulada. Existe, porém, uma escassez de trabalhos publicados na literatura avaliando esta situação em particular. O primeiro trabalho publicado na literatura foi realizado pelo nosso grupo na Universidade de São Paulo, que analisou os resultados da linfocintilografia em 26 pacientes antes e 10 dias após a mamoplastia de aumento por via transaxilar. Apenas 2/26 pacientes (7,6%) não mostraram drenagem para o linfonodo sentinela no período pós-operatório, sugerindo que a técnica pode ser passível de ser realizada com finalidade de localização do linfonodo sentinela na maioria dos pacientes submetidos a este tipo de cirurgia estética da mama (Ann Plast Surg. 2007;58:141-9). Um segundo trabalho foi publicado por um grupo também nacional, de Curitiba, PR, em que os autores analisaram 20 pacientes, realizando linfocintilografia antes, 30 dias após mamoplastia e 6 meses após. O mérito desse trabalho foi incluir prazos mais tardios, quando as alterações inflamatórias já regrediram, diminuindo as chances destas interferirem com o padrão de drenagem. Os autores desse trabalho mostraram sucesso de drenagem em 100% dos pacientes, sem qualquer diferença na taxa de detecção do linfonodo sentinela (Aesthetic Plast Surg. 2008; Jul 26).

No trabalho publicado nesta edição da RB os autores optaram por um desenho um pouco distinto, comparando as pacientes no período pós-operatório com um grupo controle. Embora possam existir questionamentos quanto ao desenho metodológico adotado, pois são grupos de pacientes distintos, os autores mostraram que a drenagem ocorreu em 100% dos pacientes do grupo operado. Deve-se, contudo, mencionar que incertezas ainda existem quanto à exeqüibilidade desta técnica com finalidade de predição do status nodal axilar. Não existem dados que confirmam que o linfonodo detectado no período pré-operatório é o mesmo identificado no período pós-operatório. Mais importante, ainda não existem estudos longitudinais de curto ou longo prazo que permitem confirmar o elevado valor de predição negativo do status nodal axilar aplicando a técnica de localização do linfonodo sentinela nestes pacientes em particular. Portanto, estudos clínicos longitudinais de longo prazo são necessários para confirmar o valor prognóstico desta técnica neste subgrupo de pacientes.


 
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