Antes da obesidade propriamente dita, a gordura começa a se depositar nos tecidos subcutâneos, órgãos viscerais e retroperitônio. Algumas pessoas relacionam isso à estética, pois esse acúmulo de gordura, inicialmente, se faz em alguns locais específicos como abdome, coxa e região lombar(2).
Nunca é demais lembrar o alto custo socioeconômico das doenças metabólicas, como o diabetes do tipo II e as doenças cardiovasculares, tanto na qualidade de vida quanto a sua ação direta nos investimentos na área de saúde. A grande contribuição da tecnologia na saúde foi a tomada de medidas preventivas e que refletem diretamente em toda a sociedade, o que se torna fácil reconhecer em ações como a vacinação contra as doenças infecciosas, mas o que se dizer em relação às doenças cardiovasculares e as metabólicas?
Já há vários anos a tomografia computadorizada vem sendo utilizada na avaliação do depósito excessivo da gordura no abdome(3).
Dentro desse mundo globalizado e recentemente surpreendido por uma crise econômica de grandes proporções, vimos a retomada de práticas simples como o planejamento de gastos e a boa e velha economia. O trabalho apresentado por Diniz et al.(4), nesta edição da Radiologia Brasileira, nos reflete a importância de métodos efetivos e de baixo custo, como a ultrassonografia, na avaliação simples e direta da terrível e perigosa gordura em excesso.
Métodos simples como a mensuração do coxim gorduroso do tecido subcutâneo, gordura visceral e gordura perirrenal nos permitem prever, de modo simples e seguro, o risco do acúmulo dessa gordura letal. Mas é preciso levar em conta que deve haver uma coerência estrita entre a realização e a interpretação dos resultados. Assim, ressalta-se também a necessidade de um treinamento prévio para a realização do exame ultrassonográfico com esse objetivo(5).
O estudo realizado por Diniz et al.(4) mostra, de maneira irrefutável, a concordância entre os diferentes examinadores e, portanto, o alto grau de confiabilidade do método de ultrassom na matéria da avaliação do depósito de gordura excessiva e os consequentes riscos.
Pelo exposto nos outros trabalhos citados e no estudo de Diniz et al.(4), há alta confiabilidade no método ultrassonográfico e reprodutibilidade nos diversos tipos de equipamentos, o que o consagra dentre as opções atualmente disponíveis, além da ultrassonografia possuir baixo custo, rapidez de execução e ser facilmente tolerado pelo paciente.
REFERÊNCIAS
1. Pereira JC, Barreto SM, Passos VM. Cardiovascular risk profile and health self-evaluation in Brazil: a population-based study. Rev Panam Salud Publica. 2009;25:491-8. [ ]
2. Krause MP, Hallage T, Gama MP, et al. Association of fitness and waist circumference with hypertension in Brazilian elderly women. Arq Bras Cardiol. 2009;93:2-8. [ ]
3. Gomes MB, Giannella-Neto D, Faria M, et al. Estimating cardiovascular risk in patients with type 2 diabetes: a national multicenter study in Brazil. Diabetol Metab Syndr. 2009;27;1(1):22. [ ]
4. Diniz ALD, Tomé RAF, Debs CL, et al. Avaliação da reprodutibilidade ultrassonográfica como método para medida da gordura abdominal e visceral. Radiol Bras. 2009;42:353-7. [ ]
5. Radominski RB, Vezozzo DP, Cerri GG, et al. O uso da ultra-sonografia na avaliação da distribuição de gordura abdominal. Arq Bras Endocrinol Metab. 2000;44:5-12. [ ]